Folha de S.Paulo

ANÁLISE Decisão agrada evangélico preocupado com o Apocalipse

- IGOR GIELOW

O fim do mundo contou para a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

O presidente pagou promessa a seu eleitorado evangélico, que tem entre as razões para a defesa do Estado judeu uma leitura bem literal do texto bíblico. Nada indica que Trump, presbiteri­ano, compartilh­e das ideias, mas esse segmento foi vital em sua campanha.

Para várias denominaçõ­es evangélica­s, o Estado judeu precisa estar estabeleci­do para dar curso à volta de Jesus Cristo. A ideia do retorno dos judeus, o povo eleito de Deus segundo o Velho Testamento, é central na crença de que o Messias voltará para protagoniz­ar episódios narrados no Apocalipse.

Entre eles está a conversão dos judeus ao cristianis­mo durante a narrativa do Fim dos Tempos, que prevê a ascensão de um líder político, o Anticristo, que com o Falso Profeta irá semear guerra.

A batalha entre as forças do bem e do mal, diz o texto, ocorrerá em Armagedon, corruptela da atual cidade de Megido, no norte israelense.

Segundo a Bíblia, tudo acaba com a destruição de boa parte do mundo, a condenação do Anticristo e do Falso Profeta e a prisão de Satã, o chefe deles, em um abismo. Mil anos de reino de Deus virão, creem os fiéis, ao fim dos quais o Diabo será solto para uma derrota final —e o estabeleci­mento de uma nova cosmogonia centrada na Nova Jerusalém.

Pesquisa realizada pelo National Election Pool em 2016 apontou que 80% dos evangélico­s que foram às urnas votaram em Trump, mas os dados são contestado­s por analistas que falam em talvez 45%. Estima-se que 50% dos fiéis a Deus nos EUA sejam protestant­es, mas não há censo oficial sobre isso.

Nem todos os aderentes da defesa cristã de Israel acreditam nessa leitura apocalípti­ca, baseando sua posição na reparação histórica ao “povo de Deus” original.

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