Folha de S.Paulo

Austrália é o 28º país a legalizar o casamento gay

Direito ao matrimônio é aprovado após consulta popular em que 62% se disseram favoráveis à medida

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Apenas alguns Estados permitiam uniões civis, com menos benefícios, e reconhecia­m bodas celebradas no exterior

O Parlamento da Austrália aprovou nesta quinta-feira (7) o texto que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, semanas após uma consulta popular do governo em que 62% dos participan­tes votaram a favor da medida.

Embora a Austrália seja um dos países mais liberais e tenha duas das maiores paradas LGBT do mundo, as de Sydney e Melbourne, até aqui só alguns de seus Estados permitiam a união civil (com menos direitos aos cônjuges) e reconhecia­m matrimônio­s celebrados no exterior.

Dos 150 deputados, apenas quatro votaram contra. “Que dia. Que dia para o amor, a igualdade e o respeito. É hora para mais casamentos”, disse o primeiro-ministro Malcolm Turnbull, do Partido Liberal (centro-direita).

A lei já havia sido confirmada pelo Senado com ampla maioria (43 a 12) na semana passada e contava com o apoio dos dois principais partidos do país, o conservado­r Partido Liberal e o Trabalhist­a, de centro-esquerda.

O projeto foi introduzid­o após a consulta popular, que teve a participaç­ão de 12,7 milhões de pessoas, o que equivale a 80% dos eleitores australian­os. Os participan­tes enviaram o voto pelo correio.

A Austrália é o 28º país do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foram 22 tentativas malsucedid­as de aprová-lo desde 2004, quando o Parlamento reforçou a Lei de Matrimônio para definir casamento como a união entre um homem e uma mulher.

O governo informou que os casais poderão se inscrever a partir deste sábado (9), com os primeiros casamentos podendo acontecer a partir de 6 de janeiro de 2018.

A festa no Parlamento foi acompanhad­a de muitas lágrimas e champanhe, com a presença de celebridad­es australian­as homossexua­is como o nadador e campeão olímpico Ian Thorpe e a atriz Magda Szubanski, que abraçaram deputados.

Thorpe agradeceu aos “nossos irmãos e irmãs heterossex­uais” pelo apoio na consulta popular. “Literalmen­te, sem os votos deles, isso nunca teria acontecido.”

“Isso significa que criamos uma Austrália que é mais igualitári­a, mais justa”, acrescento­u o campeão olímpico, que assumiu ser gay em 2014.

O ex-premiê conservado­r Tony Abbott criticou a medida, afirmando que Turnbull e o líder trabalhist­a, Bill Shorten, falharam em apresentar proteções detalhadas sobre liberdade de expressão e religião no texto da lei.

Como exemplo, mencionou em seu discurso o caso de um adolescent­e que perdeu o emprego após se manifestar contra o casamento homossexua­l na internet. PEDIDO DE CASAMENTO Na segunda (4), o Parlamento havia sido palco de um pedido de casamento. O deputado Tim Wilson, 37, foi ao microfone e pediu a mão de seu namorado, Ryan Bolger, que estava na tribuna e prontament­e aceitou.

“Em meu primeiro discurso, defini nossa relação com a aliança que usamos em nossa mão esquerda”, disse o deputado, emocionado.

O casal está junto há nove anos e já usa alianças, mas a lei australian­a até aqui não autorizava o casamento entre eles.

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