Social-democratas aprovam negociações com Merkel
Membros do SPD optam por conversas ‘abertas’ sobre formação de governo
Líder Martin Schulz prega responsabilidade e defende criação de ‘Estados Unidos da Europa’ até 2025
Membros do Partido Social-Democrata (SPD) deram luz verde em convenção em Berlim nesta quinta-feira (7) para que a legenda inicie negociações “abertas” com a União Democrata-Cristã (CDU) da chanceler alemã, Angela Merkel, para a formação de um governo.
A votação dos 600 delegados significa que os líderes partidários podem decidir entre algumas opções, como renovar a chamada “grande coalizão” entre o SPD e CDU — com a qual ambos vêm governando—, ou dar apoio a um governo minoritário de Merkel sem porém integrá-lo.
Na convenção, o líder do SPD, Martin Schulz, também foi reeleito para comandar o partido —que ele preside há menos de um ano— com mais de 81% dos votos.
A partir da semana que vem, Schulz deve se reunir com Merkel e com Horst Seehofer, líder da CSU, partido conservador do Estado da Baviera que tradicionalmente compõe governo com a CDU.
Na esteira das eleições de setembro passado, Schulz havia prometido reorganizar o partido na oposição, após ter sido punido nas urnas (segundo a avaliação dos próprios social-democratas) pela coalizão com Merkel.
As eleições levaram ao cenário partidário mais fragmentado da Alemanha do pós-guerra, com seis partidos com representação parlamentar, e conduziram ao Parlamento pela primeira vez desde então um partido de direita nacionalista, o Alternativa para a Alemanha (AfD).
O SPD recusou na ocasião a perspectiva de renovar a aliança com os conservadores —grupo com que se irmanara em dois mandatos (20052009 e 2013-2017), com Merkel à frente do governo.
Porém, as tentativas da chanceler de formar um governo com os Verdes e o FDP (liberais) fracassaram, tornando mais evidente o risco de que ela tivesse de convocar novas eleições.
“A questão não é ‘grande coalizão’ ou não”, disse Schulz antes da votação nesta quinta. “Nem ter um governo de minoria ou novas eleições. Não —é sobre como exercitamos nossa responsabilidade, incluindo para com a próxima geração.”
Schulz afirmou que o partido se recuperaria apenas se pudesse oferecer uma clara visão de uma Alemanha e de uma Europa que funcionassem para seus cidadãos, defendendo uma maior integração europeia e a criação dos “Estados Unidos da Europa” até 2025.
Schulz fez ainda um meaculpa pelo desastre eleitoral de sua agremiação. “Não foi apenas a última eleição que nós perdemos”, afirmou. “Perdemos não só 1,7 milhão de votos desta vez, mas 10 milhões desde 1998 —a metade de nossos eleitores.”
Muitos dos jovens militantes do partido preferiam que a legenda tomasse novos rumos após 12 anos em coalizões centristas.
“Merkel lidera este país sem direção”, disse um deles. “Ela não tem um plano para a Europa, ela lidera o país de semana a semana. Precisamos de uma social-democracia forte neste país.”