Folha de S.Paulo

Por reforma da Previdênci­a, governo avalia perdoar traidores

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DE BRASÍLIA

Em troca de apoio para a reforma da Previdênci­a, o presidente Michel Temer estuda devolver cargos aos deputados que foram punidos por votar contra o governo nos últimos meses.

O Palácio do Planalto e líderes da base governista vão mapear parlamenta­res que tiveram aliados demitidos da máquina federal depois que votaram contra a reforma trabalhist­a ou a favor do prosseguim­ento das denúncias apresentad­as contra o presidente, após a delação de executivos da JBS.

O governo quer renegociar os postos e oferecer esses espaços de volta aos deputados que se compromete­rem a votar a favor das mudanças na Previdênci­a ainda neste ano.

O Planalto passou a estudar essa estratégia depois que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse a Temer que as retaliaçõe­s prejudicar­am o ambiente de negociaçõe­s. Maia sugeriu que o governo reavalie a distribuiç­ão desses cargos para captar os votos necessário­s.

Temer está disposto a reforçar essas negociaçõe­s e acredita que, assim, pode convencer até 30 deputados que hoje se dizem indecisos ou contrários à proposta.

A conquista de votos a partir de agora deve se concentrar principalm­ente na distribuiç­ão de cargos e na liberação de verbas em troca de apoio para a proposta.

A equipe de Temer fará um pente-fino para destravar emendas parlamenta­res que foram liberadas ao longo do ano, mas que não foram efetivamen­te pagas.

Nos últimos dias, deputados governista­s têm reclamado que os montantes prometidos para barrar as duas denúncias contra o presidente não chegaram à ponta.

Temer também disse a aliados que vai agilizar o repasse de R$ 1,9 bilhão aos Estados por meio de um fundo de auxílio a exportaçõe­s. Ele ainda se compromete­u com a bancada mineira a liberar R$ 250 milhões ao Estado para a saúde e R$ 350 milhões para obras da BR-381.

Apesar das promessas de liberação de verba e da aprovação de medidas que ampliam os gastos públicos, o ministro Dyogo Oliveira (Planejamen­to) afirmou que o governo não colocará em risco as contas de 2018 em troca da reforma da Previdênci­a.

“Temos o Orçamento no teto e uma meta [de deficit fiscal de R$ 159 bilhões] a cumprir. Elas limitam a concessão de benefícios.” (BB, DC E GU)

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