OS SERTÕES
Arquétipos do semiárido nordestino retornam à TV, em trama sobre menina que se desespera depois do desaparecimento de seu irmão
rim, time que já filmou no interior de Pernambuco “Amores Roubados”, que a emissora exibiu em 2014.
No fim do mês passado, a Folha acompanhou um dia de filmagem e visitou locações usadas na série, programada para estrear em abril.
As conversas com o elenco e a equipe de criação foram sempre pontuadas por uma preocupação: nos discursos, aparece a vontade de expressar como o sertão, já tão calejado pela indústria do audiovisual, ressurge, novo. E como ele é naturalmente incorporado nas filmagens, não só pela paisagem. Até a poeira pode mudar a voz de um ator.
Villamarim diz sentir a pressão de uma negação do que já foi feito por ele próprio. “Fico negando para tentar reinventar, para ter um novo jeito de filmar, e acho que vai ter um avanço aí”, defende. Se o realismo deu o tom de “Amores Roubados”, agora ele procura um sertão de referências contemporâneas onde ainda despontem arquétipos, como as figuras do juiz e do messias.
Para exemplificar a incorporação do contemporâneo, ele fala de aplicativos, funk e motoqueiros. “Em Gurjão, deste tamaninho, quando a gente voltou da locação tava tocando funk, e uns meninos empinavam motos, uma loucura. Eu disse: ‘Caraca, tem que botar isso pra dentro da série’”, relembra.