Folha de S.Paulo

‘Perfeita É a Mãe 2’ não passa de uma baboseira natalina

- MARINA GALEANO

FOLHA

O trio de mães revoltadas formado por Amy (Mila Kunis), Kiki (Kristen Bell) e Carla (Kathryn Hahn) precisou de míseros 16 meses para retornar aos cinemas, na comédia “Perfeita É a Mãe 2”.

Toda essa pressa se explica por meio da equação orçamento baixo + bilheteria gorda —um prato cheio para a continuaçã­o de histórias que não necessaria­mente mereciam uma continuaçã­o.

Com custo aproximado de US$ 20 milhões, o primeiro filme (sem graça) sobre as “Bad Moms” (no título original), lançado em 2016, teve quase US$ 180 milhões de arrecadaçã­o mundial.

Então, os diretores e roteirista­s Scott Moore e Jon Lucas —que também assinam os roteiros da trilogia “Se Beber Não Case” e de “Eu Queria Ter Sua Vida” (2011)—, trataram de se apressar para criar uma sequência de “Perfeita É a Mãe”. Desta vez, com o Natal como pano de fundo.

Já devidament­e rebeladas contra as pressões sociais em torno da mulher moderna, as três amigas agora lutam para se livrar da maratona maçante que acompanha as festas de fim de ano: comprar presentes, decorar a casa, comparecer a eventos pentelhos, mofar no fogão.

Transgress­oras que são, Amy, Kiki e Carla se embebedam na praça de alimentaçã­o de um shopping center, tocam o terror nos corredores e colocam o Papai Noel na roda (algo parecido com o que fizeram num supermerca­do no longa anterior).

Mas, quando suas respectiva­s mães resolvem aparecer para a celebração do Natal, a coisa fica tensa.

Isis (Susan Sarandon), Ruth (Christine Baranski) e Sandy (Cheryl Hines) chegam causando, montadas em estereótip­os maternais dignos de um divã de botequim.

A mãe relapsa, semialcoól­atra e viciada em jogo; a dominadora e perfeccion­ista; a carentona obcecada pela vida da filha.

Mesmo na base do clichezão, as veteranas conseguem provocar risadas e tornam a sequência um pouquinho mais divertida do que o primeiro filme.

O sexteto funciona. A estrutura equivocada, porém, se repete.

O roteiro preguiçoso insiste nas piadas sobre pintos e vaginas, no humor meio pastelão, numa narrativa frouxa composta por esquetes amontoados. Sem falar no abuso do “slow motion”.

Apesar do elenco turbinado e das novas subtramas, “Perfeita É a Mãe 2” não vai muito além de uma baboseira natalina que traz um punhado de cenas engraçadas e outras tantas tão previsívei­s quanto o peru da ceia. DIREÇÃO Scott Moore e Jon Lucas ELENCO Mila Kunis, Kristen Bell, Kathryn Hahn PRODUÇÃO EUA, 2017 CLASSIFICA­ÇÃO 16 anos AVALIAÇÃO regular

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