Com show em SP, Lara Aufranc lança inclassificável ‘Passagem’
Cantora diz buscar referências na liberdade criativa dos anos 70
Lara Aufranc assumiu o sobrenome em seu segundo disco. Depois de ter estreado como Lara e os Ultraleves, nome que tem jeito de banda mas era na verdade uma espécie de persona que ela criou, a cantora e compositora não esconde seu protagonismo no álbum “Passagem”.
Quem for assistir ao show de lançamento nesta sexta (8), vai encontrá-la livre da batida soul do disco anterior.
“Tem um processo pessoal de rejeitar um rótulo”, diz ela à Folha. “O projeto estava voltado para o soul. Agora eu desencanei, passei a compor o que der na telha.”
É difícil categorizar o que dá na telha da artista. A voz poderosa, afinada, está ainda melhor, depois de dois anos de amadurecimento em turnê, mas a diversidade de caminhos musicais joga o disco novo numa caixa inclassificável. Ela busca referência em trabalhos de Caetano Veloso nos anos 1970.
“Quando estava ensaiando, um dos meninos da banda disse que não estava conseguindo imaginar o disco, porque cada música era de um jeito. E eu me lembrei de disco do Caetano que tem tango, depois rock, aí vai para uma MPB de raiz, da Bahia, e o disco flui do mesmo jeito.”
O que a incentivou foi a liberdade dos anos 1970, de fazer sem traumas uma MPB que tivesse guitarra. Foi acumulando canções.
“No começo, achava que seria um EP. Demorou um pouco para eu perceber que tinha um monte de músicas e valia transformar em álbum. Tinha coisa acumulada, prontas ou só trechos, uma metade de canção aqui ou ali.”
Para ela, lançar um disco numa época na qual a produção é pulverizada na rede tem relação com seu jeito de ouvir música. “Meu consumo segue os padrões de antigamente. Gosto de ouvir um disco do começo ao fim.”
Mesmo achando que a ideia do álbum faz muito sentido para ela, Lara diz ter plena consciência de que o mercado não precisa disso.
“Você põe 12 músicas num disco e as pessoas vão ouvir no máximo 3. Você pensa muito na ordem desse repertório, e elas vão ouvir aleatoriamente. É um pouco frustrante.”
No show, cantará todas as músicas de “Passagem” e terá como convidados Letícia Novaes, do projeto Letrux, e Thiago Pethit.
Lara quer fazer muitos shows em 2018, “porque ninguém está parando para ouvir disco. Quero que as pessoas vejam o show e reajam nas redes sociais. Aí eu vou saber que valeu a pena.” (TM) QUANDO sexta (8), às 21h ONDE Sesc Bom Retiro, al. Nothmann, 185, (11) 3332-3600 QUANTO deR$6aR$20