Príncipe ligado ao expurgo na Arábia Saudita é comprador de tela de Da Vinci
DE SÃO PAULO
O príncipe Bader bin Abdullah bin Mohammed bin Farhan al-Saud é o misterioso comprador da “Salvator Mundi”, a obra de arte mais cara já vendida na história, revelou nesta quarta (6) o jornal “The New York Times”.
A tela de Leonardo Da Vinci retratando Cristo com uma esfera de cristal na mão foi adquirida pelo príncipe saudita por US$ 450,3 milhões, em leilão em Nova York no dia 15 de novembro.
Sem um histórico de colecionador de arte, o príncipe Bader surpreendeu até os especialistas da Christie’s, a casa de leilões que negociou “Salvator Mundi”.
A casa tinha dúvidas sobre o interessado mesmo após o depósito de US$ 100 milhões necessário para se qualificar a participar do leilão. Ele fez seus lances pelo telefone.
O valor pago pela obra é mais do que o dobro dos US$ 179,4 milhões desembolsados por uma tela de Picasso em 2015, que era, até então, a mais valiosa arrematada em venda pública.
A aquisição vultosa de uma obra que contraria os preceitos islâmicos e cuja autoria é questionada —muitos críticos atribuem a obra a um discípulo de Da Vinci— contrasta com o momento no país.
A Arábia Saudita passa por um expurgo contra corrupção no seio da elite local.
O comprador da tela vem de um ramo menos importante da família real, mas é próximo do líder do expurgo, o herdeiro do trono, Mohammed bin Salman, 32.
Entre outros elos profissionais, ele foi nomeado pelo rei Salman para uma comissão, chefiada pelo príncipe Mohammad, que planeja o desenvolvimento turístico de uma zona arqueológica.
O príncipe Bader não respondeu aos questionamentos do “New York Times”, mas o Louvre de Abu Dhabi postou em sua página no Twitter a informação de que o quadro irá para lá.
A instituição inaugurou em novembro sua sede na capital dos Emirados Árabes Unidos —cujo herdeiro real é próximo do herdeiro saudita.