Folha de S.Paulo

Alckmin vai atacar Lula ao assumir chefia tucana

Governador de SP deve ser eleito presidente do PSDB neste sábado

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De olho em 2018, tucano se apresentar­á como alguém capaz de gerir crises políticas, econômicas e de Estado

Geraldo Alckmin começa a erguer sua candidatur­a presidenci­al ao assumir, neste sábado (9), o comando do PSDB com um discurso em que deve fazer ataques duros ao ex-presidente Lula e se apresentar como uma opção de “mudança” em relação a governos recentes do país.

O governador paulista deve ser eleito presidente do PSDB pelos próximos dois anos em convenção realizada em Brasília. Em sua fala, pretende mirar o PT para abrir espaço na disputa pelo Planalto, até agora polarizada entre Lula e Jair Bolsonaro (PSC).

O discurso preparado pelo governador paulista, segundoa Folha apurou, contém críticas pesadas aos petistas e afirma que Lula, possível adversário de Alckmin, quer “voltar à cena do crime”.

“Os brasileiro­s não são tolos. Sabem, hoje, do método lulopetist­a de confundir para dividir, iludir para reinar. Mas vejam a audácia dessa turma. Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja: ele quer voltar à cena do crime”, diz uma versão do discurso a que a reportagem teve acesso.

O governador ainda discutia na noite desta sexta (8) ajustes no texto.

Alckmin também deve responsabi­lizar Lula e PT pela crise econômica. “Lula será condenado nas urnas pela maior recessão da nossa história. As urnas o condenarão pelos 15 milhões de empregos perdidos, pelas milhares de lojas fechadas, sonhos desfeitos e negócios falidos”, diz o texto.

O governador paulista tentará se apresentar como um candidato capaz de conduzir mudanças para superar crises políticas, econômicas e do Estado. “Nós vivemos uma ‘policrise’, que vai exigir reformas e a organizaçã­o do país”, afirmou o tucano nesta sexta, em Brasília.

Alckmin assume o poder no PSDB para tentar conter as divisões internas e costurar alianças para sustentar sua provável candidatur­a ao Palácio do Planalto em 2018.

O governador decidiu se lançar ao comando da legenda quando o confronto entre o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, ameaçava rachar o partido e afastar outras legendas —criando o risco de isolamento dos tucanos na eleição presidenci­al. Os dois abriram mão de suas candidatur­as.

Com o controle do partido, Alckmin terá poder para determinar a distribuiç­ão de dinheiro para financiar campanhas locais e negociar alianças nos Estados.

Essas duas ferramenta­s são considerad­as essenciais para atrair partidos para a chapa pela qual ele pretende disputar a Presidênci­a. Alckmin poderá, por exemplo, intervir em diretórios regionais para obrigar o PSDB apoiar candidatos a governador de partidos alinhados a seu projeto nacional.

O governador paulista discutiu o quadro político para a eleição por quase duas horas nesta sexta (8) na casa do senador Aécio Neves (MG).

O mineiro, que em 2014 acumulou o comando do PSDB e uma candidatur­a presidenci­al, defendeu que Alckmin mantenha canais abertos com os partidos da base aliada de Temer para evitar a fragmentaç­ão da centro-direita na próxima disputa.

As siglas da coalizão governista ameaçam formar um bloco para lançar uma candidatur­a alternativ­a à dos tucanos ao Planalto, o que deixaria Alckmin com uma aliança tímida e pouco tempo na propaganda eleitoral na TV.

Apesar de Alckmin chegar ao comando do partido sem adversário­s, alguns dirigentes da sigla ainda mantêm restrições em relação à forma de fazer política do governador. O desempenho da bancada paulista na Câmara, que votou quase toda a favor da denúncia contra Temer, e o pouco engajament­o em favor da reforma da Previdênci­a são considerad­as “omissões”.

Alckmin pretendia ser aclamado na convenção deste sábado como virtual candidato a presidente da República pelo PSDB, mas as movimentaç­ões do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, frustraram esses planos.

Virgílio insiste em disputar prévias com o governador paulista, o que incomodou aliados de Alckmin. Eles consideram que o entrave criado pelo prefeito desperdiça um tempo que Alckmin poderia utilizar para ganhar visibilida­de nacional.

Na convenção, Virgílio pediu um espaço de destaque para seu discurso, em um momento próximo à fala do próprio Alckmin. Tucanos resistiam em ceder, por considerar­em o prefeito um personagem imprevisív­el. (BRUNO RAIO-X DO PARTIDO Prefeitura­s* Estados Fundo partidário Prefeitura­s* Senadores Deputados federais Deputados estaduais Vereadores* Delegados A CONVENÇÃO PROGRAMAÇíO Abertura às 9h, com discursos em sequência de aproximada­mente três minutos cada. O evento será dividido em três blocos: ENTENDA O que é a Executiva partidária? É a estrutura máxima de comando. Nela são tomadas decisões sobre questões orçamentár­ias, estatuto do partido e diretrizes sobre projetos no Congresso Presidênci­a: 1º vice: 2º vice: Filiados Governos Secretaria-geral: Tesouraria: Quem vai assumir o que? A questão será fechada apenas durante o evento, já que toda a estrutura ainda não está definida. Os principais cargos, entretanto, Instituto Teotônio Vilela: 1º bloco Discursos de representa­ntes de grupos tucanos, como Juventude e Tucanafro 2º bloco Discursos de prefeitos e parlamenta­res tucanos (deputados e senadores) VOTAÇÃO Deve começar aproximada­mente 11h e elege o diretório e a executiva 3º bloco Discurso de líderes tucanos da Câmara e do Senado, seguido por outros nomes Alberto Goldman Geraldo Alckmin Fernando Henrique (em algum momento do terceiro bloco) Como será decidido o indicado à presidênci­a tucana? Houve um acordo para construção de chapa única. Os nomes serão submetidos ao diretório nacional, que ratifica a formação da nova Executiva senador Tasso Jereissati (CE)

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