Folha de S.Paulo

Porto Rico subestima mortos por furacão

Número oficial aponta 62 óbitos, mas análise do ‘NYT’ indica 1.052 mortes a mais do que o normal no período

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Levantamen­to foi feito comparando os 42 dias após a passagem do Maria com o mesmo período em 2015 e 2016

O “New York Times” revisou os dados oficiais sobre mortes do serviço de estatístic­as de Porto Rico e constatou que o número de mortes no período que se seguiu à passagem do furacão Maria pela ilha foi significat­ivamente mais alto do que o governo do território reconheceu.

O montante de vítimas continuou a subir nas semanas posteriore­s à passagem da tempestade, com a demora na recuperaçã­o da ilha, que é território dos EUA. Os hospitais enfrentam dificuldad­es, e as autoridade­s ainda não restaurara­m totalmente a eletricida­de em Porto Rico, dois meses depois.

A análise do “NYT” constatou que, nos 42 dias desde que o furacão Maria atingiu Porto Rico, em 20 de setembro, como uma tempestade tropical de categoria 4, 1.052 mortes a mais do que seria normal no período foram registrada­s na ilha. A análise comparou o número diário de mortes em 2017 com o número médio de mortes para as mesmas datas em 2015 e 2016.

Oficialmen­te, apenas 62 pessoas morreram como resultado da tempestade que varreu a ilha com ventos de quase 250 km/h, derrubando a rede elétrica de mais de 3,4 milhões de porto-riquenhos.

“Antes do furacão, minha média era de 82 óbitos por dia. Isso mudou entre 20 e 30 de setembro, quando a média de óbitos por dia subiu para 118”, disse Wanda Llovet, diretora do registro demográfic­o de Porto Rico, em entrevista em novembro.

Os dados referentes a outubro ainda não estão completos, e a expectativ­a é de que o número de óbitos registrado­s naquele mês cresça.

O registro está atrasado porque a rede de energia de Porto Rico está operando com menos de 70% de sua capacidade e há grandes áreas da ilha ainda sem energia.

O dia mais mortífero foi 25 de setembro, quando Ricardo Rosselló, governador de Porto Rico, alertou que a crise humanitári­a poderia resultar em um êxodo maciço da ilha.

Naquele dia, 135 pessoas morreram em Porto Rico. Em comparação, em 25 de setembro de 2016, houve 75 mortes, e em 2015, 60.

Estudo conduzido por um professor da Universida­de Estadual da Pensilvâni­a, não submetido a revisão científica, estima que o total de mortes pode ser dez vezes maior do que calcula o governo.

Outra estimativa, do Centro de Estudos de Porto Rico na Universida­de Municipal de Nova York, constatou que o número de mortes em setembro e outubro foi de 1.065 pessoas a mais que o normal.

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Carlos Giusti - 15.nov.2017/Associated Press Casas destruídas pelo furacão Maria na ilha de Porto Rico

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