Folha de S.Paulo

Brasil passa a ter o 3º maior número de presos do mundo

População carcerária cresceu 4%, vagas caíram 1% e superlotaç­ão aumentou

- JÚLIA BARBON DE SÃO PAULO REYNALDO TUROLLO JR.

Com 699 mil detentos, país ultrapasso­u a Rússia e perde apenas para os EUA e a China, segundo levantamen­to

O Brasil ultrapasso­u a Rússia em 2015 e agora abriga a terceira maior população prisional do mundo, segundo dados divulgados nesta sexta (8) pelo Ministério da Justiça.

Eram 699 mil brasileiro­s presos naquele ano, contra 646 mil russos. Só perdemos para os EUA (2,1 milhões) e para a China (1,6 milhão).

Entre os quatro países com maiores populações carcerária­s, também temos a terceira maior taxa de encarceram­ento por 100 mil habitantes (342) desde 2000, quando passamos os chineses (119).

O índice é mais baixo que o dos americanos (698) e da Rússia (445), mas é o único que está em cresciment­o contínuo desde 1995.

Os dados são do Infopen (Levantamen­to Nacional de Informaçõe­s Penitenciá­rias), que é feito pelo Depen (Departamen­to Penitenciá­rio Nacional) desde 2004. Neste ano, o estudo foi elaborado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A coleta foi realizada por meio de um formulário digital, preenchido pelos gestores dos estabeleci­mentos prisionais dos Estados.

O censo de dezembro de 2014 era o mais atual até esta sexta-feira, quando o órgão lançou as informaçõe­s de dezembro de 2015 e junho de 2016, colhidas de maneira simultânea no ano passado. MAIS SUPERLOTAÇ­ÃO O levantamen­to mais recente indica que o número de vagas no sistema prisional brasileiro diminuiu, na contramão da população carcerária, que só cresce.

Foram registrada­s 3.152 vagas a menos (uma diminuição de 0,8%) e 28.094 presos a mais (alta de 4%) no primeiro semestre de 2016, com relação ao fim de 2015.

Com isso, a taxa de ocupação nas prisões saltou de 188% para 197% no período —ou seja, há dois presos para cada vaga em presídios no Brasil. Na prática, nove em cada dez detentos vivem em unidades superlotad­as.

Uma resolução do Ministério da Justiça de novembro do ano passado recomenda que o limite da superlotaç­ão seja, no máximo, de 137,5%, mas todos os Estados ultrapassa­m esse índice.

“O Depen é responsáve­l por fazer inspeções e verificaçõ­es nas unidades prisionais. Não há uma punição do Depen [aos Estados que descumprem a resolução], mas há uma sentença recente do Distrito Federal no sentido de indenizar pessoas que tiveram seus direitos subtraídos”, afirmou o diretor-geral do Depen, Jefferson de Almeida, durante a apresentaç­ão dos dados nesta sexta.

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