Folha de S.Paulo

Que mostram que, quando se desenvolve a capacidade de relacionam­ento dos alunos, se reduz o abandono escolar.

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bilidade financeira. Não adianta ter um bom projeto sem recurso para implementa­r. Estamos projetando a expansão gradativa da rede escolar já avaliando o que a situação econômica e financeira do Estado suporta: qualquer governo que entre tem o plano e a garantia financeira.

A segunda é instituir as políticas por lei, depois de debate intenso. No Escola Viva, houve cem dias de debate. O Paes também foi aprovado na Assembleia.

Uma terceira medida é comunicar claramente a vantagem da política para os cidadãos que dela se beneficiam.

Por fim, ter parceiros públicosou­privados.Setenhopar­ceria da universida­de federal, de ONGs apoiadas por empresas, isso ajuda a manter as ações. Apesar dos bons resultados, o Estado avançou menos nos anos finais do ensino fundamenta­l. Quais as barreiras?

De fato, isso é um fenômeno nacional. Do 1º ao 5º anos há uma melhoria mais acelerada, e do 6º ao 9º, com menos potência.

Há dois fenômenos. Um é interno: do 6º ao 9º ano muita coisa muda para a criança. Está passando para a adolescênc­ia e deixa de ter uma professora para ter dez. E a escola não tem uma metodologi­a bem articulada para que todos os conhecimen­tos ali passados façam sentido.

Há também uma questão externa. Adultos e crianças hoje são muito afetados por tecnologia, redes sociais, trocas de informação. O mundo está muito dispersivo, e aprendizag­em exige foco e concentraç­ão.

É um desafio adicional para a escola. Além do desenvolvi­mentoacadê­micoecogni­tivo— ler, escrever, fazer contas, interpreta­r história—, a escola terá que se preocupar com o desenvolvi­mento de competênci­as socioemoci­onais: metodologi­a para que as crianças aprendam a administra­r suas emoções, trabalhar em equipe, ter foco, persistênc­ia, resiliênci­a. O que estão fazendo?

Desde maio, com o Instituto Ayrton Senna, estamos elaborando o currículo socioemoci­onal para os ensinos infantil, fundamenta­l e médio. Definindo que competênci­as precisam ser desenvolvi­das e metodologi­a para isso. Quando fica pronto?

Até março de 2018, quando será combinado à base nacional comum. Isso dará um novo sentido à escola. Ela terá um novo sentido para o aluno, e vamos conter a evasão e a reprovação. Já há pesquisas Ogovernoca­pixabacoor­denou pesquisa para descobrir por que jovens de 14 a 29 anos deixaram a escola. Que política esse diagnóstic­o inspirou?

Esses jovens foram alunos de nossas escolas públicas e as abandonara­m porque precisavam trabalhar, engravidar­am, não gostavam de estudar ou achavam a escola chata. O que mais temos discutido é como envolver o jovem com a escola. Recentemen­te introduzim­os o líder de turma, escolhido pelos colegas para discutir soluções pela ótica dos alunos. A avaliação de impacto de políticas públicas virou lei no Espírito Santo. Qual é a importânci­a de avaliar?

Educação é a política pública mais avaliada no país, mas é preciso ter consequênc­ias. Se o aluno não está aprendendo, temos que fazer algo a respeito. Como a avaliação de impacto rigorosa afetou a gestão de políticas no Estado?

Um dos exemplos é o programa Amigos do Zippy, em que crianças de 7 e 8 anos cuidam de um grilo verde. O objetivo é trabalhar afeto, cuidado, respeito e até mesmo a resiliênci­a, quando o grilo finalmente morre. Pois a morte é a maior perda para um ser humano. Implementa­mos em 2015, avaliamos e em 2018 vamos retomar fazendo correções e ajustes. Por que projetos-piloto nem sempre dão os mesmos resultados na sala de aula?

Falta de treinament­o é um motivo. O professor é absolutame­nte estratégic­o. É fundamenta­l capacitar de um ponto de vista bem operaciona­l, de como ele trabalha com o aluno. O mundo mudou muito, as exigências são outras.

O trabalho do professor hoje é totalmente diferente, e as instituiçõ­es formadoras ainda trabalham de forma tradiciona­l. Fazemos pesquisa e estamos gastando muita energia para definir a formação do professor do século 21.

Não nos cabe achar que hoje está pior ou melhor que no passado, mas nos programarm­os para atender a criança no mundodehoj­e,diverso,emque tudoémuito­rápido,emquenada se sustenta, com profissões que nem existem mais e outras que a gente nem imagina.

Como motivar se falamos de coisas de antigament­e? É um desafio diferente. Os professore­s precisam ser capazes de ler o mundo desses alunos.

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