Há quatro ações. A primeira é um planejamento que envolva sustenta-
DE SÃO PAULO
A escola que tentar resistir ao novo mundo das crianças e adolescentes vai naufragar, diz o secretário estadual da Educação de Espírito Santo, Haroldo Rocha, 61.
Responsável pela rede de ensino que obteve o melhor resultado no Pisa (teste internacional), ele descreve um novo mundo “diverso, em que tudo é muito rápido, em que nada se sustenta” e as mídias favorecem a dispersão, enquanto a aprendizagem exige foco e concentração.
Para Rocha, o século 21 apresenta um desafio adicional para a escola: além de se preocupar com o desenvolvimento acadêmico e cognitivo —ler, escrever, fazer contas, interpretar a história—, terá que ensinar as crianças a administrar suas emoções, trabalhar em equipe, ter persistência e resiliência.
Essas competências, chamadas de socioemocionais, estão sendo objeto de discussões da rede escolar do Estado, para construir um novo currículo que deve ser concluído em março.
A ideia é implantar o ensino das novas habilidades em todos os níveis de ensino.
O Espírito Santo também tem planos para ampliar as atuais 17 escolas integrais de ensino médio para 300. “Queremos chegar a 100% dos alunos em 2030”, diz ele.
Mas como fazer planos para daqui a mais de dez anos sem saber quem estará no governo? O secretário enumerou quatro formas de “blindar” políticas públicas de um desmanche por futuros governantes em entrevista à Folha. Folha - O Espírito Santo foi o Estado brasileiro com melhor desempenho no último Pisa? Isso se deve a novas políticas ou à gestão de programas já existentes?
Haroldo Rocha - Nos resultados do Pisa e do Saeb (avaliação do ensino básico) o Estado teve de fato destaque no país —mas não em comparações internacionais. Em 2009, houve uma mudança importante: em toda a rede de ensino médio e fundamental, estendemos o número de aulas diárias de 4 para 5, ou seja, 25% a mais de aula.
De 2015 para cá, trabalhamos com duas metodologias que não inventamos. Buscamos exemplos no Brasil. A secretaria tem mencionado como importante a escola integral no ensino médio.
Sim. Esse programa, Escola Viva, foi desenvolvido primeiro em Pernambuco. É um currículo diferenciado de educação integral em tempo integral. Começamos com 1 escola, no ano passado passamos a 5, neste são 17. No ano que vem vamos a 32, e o planejamento é chegar a 300 escolas em 2030.
Então, atenderemos 100% dos alunos no ensino médio em tempo integral, e a 25% dos alunos de 6º a 9 º ano. No país todo, é nesses anos finais que a maior parte dos estudantes abandonam a escola ou se atrasam. Há evidências de que a escola integral é melhor?
Nossos dados são parciais, mas o rendimento na escola integral é superior ao da escola regular de forma significativa. Também no ensino médio, trabalhamos com metodologia do Instituto Unibanco para melhorar a gestão da escola, com foco na aprendizagem. Aplicamos em 85% das escolas regulares neste ano e, no ano que vem, vai atingir 100% das escolas. E o segundo eixo?
Investir nos anos finais não é suficiente, porque o processo de formação começa na creche. Aí entra o pacto da aprendizagem (Paes), inspirado no programa de alfabetização na idade certa do Estado do Ceará. É um termo de cooperação que se desdobra em formação de professores, investimento na estrutura, metodologia de avaliação. Começamos em janeiro e 42 dos 78 municípios aderiram. Queremos chegar a todos. O sr. falou em 300 escolas integrais em 2030. Mas como blindar a política pública para impedir que ela seja abandonada por um futuro governo?
Idade
61 anos. Nasceu em Castelo (ES)
Formação
Ciências econômicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
Trajetória >
Professor universitário na Ufes Técnico do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que avalia políticas públicas no Estado > Pró-reitor de Administração da Ufes Secretário de Planejamento da Prefeitura de Vitória > Secretário de Estado da Educação do Espírito Santo entre 2007 e 2010 Secretario de Estado da Educação do Espírito Santo desde 2015
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