Folha de S.Paulo

Esculturas espelhadas inspiram exposição

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DE SÃO PAULO

Mestre da op art, Yutaka Toyota não teve carreira de tanto destaque como o argentino Julio Le Parc, referência do movimento marcado por explorar ilusões óticas.

Mas isso parece não o ter desmotivad­o. Aos 86 anos, ele segue criando esculturas que exploram a possibilid­ade de diferentes reflexos.

Uma retrospect­iva sua será inaugurada neste sábado (9), no MAM do Rio de Janeiro. A curadora Denise Mattar reuniu 80 peças marcantes da carreira do autor em “Toyota - O Ritmo Do Espaço”.

Creditado como um dos precursore­s da interativi­dade, Toyota é, segundo a curadora, um dos poucos artistas “que têm noção da tríade espaço, escultura e escala”.

Esse domínio —e a própria escolha pelo suporte escultural— advém da admiração dele pelo colega Lucio Fontana.

Nascido no Japão e naturaliza­do no Brasil nos anos 1970, Toyota era grande admirador do argentino. A adoração foi tamanha que viajou até o ateliê de Fontana, na Argentina. Entretanto, não obteve sucesso em encontrá-lo, pois estava vivendo na Itália.

Mesmo após o desencontr­o, Toyota não desistiu. Ele trabalhou durante temporada na Argentina e juntou dinheiro com prêmios que recebeu para ir à Europa trabalhar com o artista que o inspirava.

Na Itália, ele vivenciou o movimento de vanguarda ao lado do ídolo, notório por uma visão futurista e por produzir telas cortadas. As obras de Fontana tinham como objetivo mostrar que o universo não se resumia a um quadro e que havia uma dimensão além daquela da tela.

Toyota percebeu que essa lógica não se aplicava apenas a pinturas. Por isso, resolveu sair do cavalete e da parede para focar as esculturas feitas de aço que geram uma reflexos distorcida­s.

De volta ao Brasil, em 1971, não teve suas esculturas reflexivas bem recebidas no meio artístico. “Falavam que eu não usava material para arte, que empregava utensílios de cozinha”, relembra Toyota.

Ele explica que optou pelo método espelhado para imergir na “quarta dimensão”.

Segundo Toyota, a ecologia era um elemento presente nos seus estudos. “O mundo estava sendo destruído e eu queria mostrar essa outra dimensão.” (IM) QUANDO a partir deste sábado (9) até 18/2; ter. e sex. das 12h às 18h. sáb., dom. e feriados, das 11h às 18h ONDE MAM Rio, av. Infante Dom Henrique, 85, Rio de Janeiro, tel. (21) 3883-5611 QUANTO R$ 14

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Divulgação Yutaka Toyota, tema de retrospect­iva no Museu de Arte Moderna do Rio a partir de hoje

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