Folha de S.Paulo

Sem reforma, haverá corte de salário, afirma Temer

De acordo com presidente, votação da nova Previdênci­a deve ocorrer em duas semanas

- TAÍS HIRATA

Caso a reforma da Previdênci­a não seja aprovada neste governo, poderá ocorrer cortes de salários e aposentado­rias de servidores públicos nos próximos anos, afirmou o presidente Michel Temer nesta sexta-feira (8), em evento da Abinee (associação do setor eletroelet­rônico), em São Paulo.

“Se não fizermos agora, em 2019 ou 2020 teremos uma reforma previdenci­ária radical”, disse ele, citando exemplos de outros países, como a Grécia, onde foi preciso fazer cortes de 20% a 30% nas pensões e nos vencimento­s de servidores públicos.

“O deficit previdenci­ário hoje está em R$ 180 bilhões. Sem a reforma, serão mais R$ 45 bilhões no ano que vem e outros R$ 50 bilhões no ano seguinte. Quando chegar 2020, poderá haver cortes de salários”, afirmou em seu discurso.

A expectativ­a com o atual projeto da reforma, mais enxuto que o original, é economizar R$ 50 bilhões por ano.

A votação deverá ocorrer na última semana antes do recesso parlamenta­r, entre os dias 18 e 19 de dezembro, de acordo com o presidente, que disse não cogitar deixar a pauta para o ano que vem.

“Estamos colhendo os votos. Suponho que até lá [dia 18] teremos”, disse.

Segundo Temer, além de PMDB e PTB, o PPS deverá fechar questão sobre o tema —ou seja, poderá haver punição para quem não seguir a orientação do partido.

“Há também partidos como o PP, por exemplo, em que temos 90% [dos parlamenta­rem que teriam se manifestad­o a favor da votação]. Em um ou outro partido, há mais dificuldad­e. Se somarmos 308, vamos levar a voto.”

Até quinta-feira (7), a contagem era de 270 parlamenta­res a favor da reforma.

A meta do governo é conquistar os cerca de 40 votos necessário­s para a aprovação nos próximos dez dias, com liberação de verbas e remanejame­nto de cargos. O texto precisa ser aprovado em dois turnos na Câmara e depois segue para o Senado.

Entre as medidas para agradar aos parlamenta­res, estão repasses aos Estados e a liberação recursos de emendas parlamenta­res ainda não executadas, além dos projetos de renegociaç­ão de dívidas de empresas com o fisco.

O governo ainda estuda devolver cargos a deputados que, por votarem contra o governo nos últimos meses, haviam sido punidos com a perda de vagas para aliados.

O presidente aproveitou o evento com os empresário­s para pedir que ajuda na pressão aos parlamenta­res pela aprovação.

“Gostaria de pedir aos senhores que se dedicassem a ligar para os deputados, fazer uma força-tarefa para ir ao Congresso, dizer que ninguém [individual­mente] terá prejuízo, quem terá prejuízo é o Brasil, são os aposentado­s”, disse.

Em seu discurso, ele voltou a defender que a reforma da Previdênci­a “é mais para pobres e menos para os ricos”. INFORMÁTIC­A No evento, o presidente ainda assinou a MP que dá uma segunda chance para as empresas que se beneficiar­am da Lei de Informátic­a e não conseguira­m comprovar suas contrapart­idas de investimen­tos em pesquisa e desenvolvi­mento.

Pelo novo projeto, as empresas com pendências poderão fazer os aportes devidos em um prazo de 48 meses —até agora, o prazo era de três meses, e a punição seria a suspensão do programa.

Hoje, são 600 as empresas de informátic­a que se beneficiam dos incentivos fiscais. A renúncia fiscal por ano é de R$ 5 bilhões, e o valor anual que deveria ser reinvestid­o seria de R$ 1,5 bilhão.

Segundo ele, “é mentira, é falso” que as mudanças irão prejudicar trabalhado­res, mencionand­o os da área rural, além de beneficiár­ios como “idosos pobres” e pessoas com deficiênci­a —o governo

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