Suiça vira paraíso para moedas virtuais
Em algumas cidades do país é possível pagar impostos e até passagem do transporte público usando bitcoins
Zug, perto de Zurique, já é conhecida como “Crypto Valley”, em referência ao Vale do Silício na Califórnia FOLHA,
Conhecida pelo vigoroso sistema financeiro, a Suíça se tornou um dos principais polos de tecnologia financeira no mundo, e as moedas virtuais são cada vez mais realidade no país.
É no país, por exemplo, que está a sede do ether, segundo maior concorrente do bitcoin e que acumula alta de 400% no ano, ante 1.500% da rival. Essa valorização das moedas já gerou alertas de autoridades de diversas partes do mundo, inclusive do BC brasileiro.
Em Chiasso, cidade com menos de 10 mil habitantes na fronteira com a Itália, os moradores poderão pagar parte dos impostos por meio de bitcoins.
Até mesmo as mensalidades de alguns cursos na Universidade de Lucerna podem, agora, ser quitadas com o dinheiro digital. O novo meio de pagamento serve, por exemplo, para a especialização em blockchain, sistema usado para a segurança nas operações com moedas virtuais.
Em Zug, a 30 km de Zurique, não apenas é possível comprar passagens de transporte público com bitcoins como também a cidade, por causa do perfil inovador, hoje é chamada de “Crypto Valley” —referência ao Vale do Silício, nos Estados Unidos.
São dezenas de empresas de tecnologia e blockchain (entre elas a responsável pelo ether) instaladas na região, que já é famosa pela política de baixos impostos.
“Na Suíça, encontramos estabilidade, um ambiente favorável a esses negócios, além da descentralização dos poderes”, disse Tom Lyons, chefe de comunicação da Associação do Crypto Valley.
Apesar de ter boas previ- sões para o blockchain, Lyons diz não saber o que vai acontecer com a supervalorização de moedas, sendo, segundo ele, possível que uma bolha esteja sendo criada.
A opinião não é compartilhada por Cyrus Fazel, fundador e presidente do SwissBorg, empresa de Lausanne e que é especializada na gestão do patrimônio digital.
“Esse é o futuro. Não é possível impedi-lo. Se um país tentar restringir esse mercado, talvez o vizinho seja mais flexível e, assim, haverá uma competição desequilibrada.”
Para captar recursos, o SwissBorg realizou nesta semana um Initial Coin Offering (oferta inicial de moeda, em inglês). É o seguinte: a companhia apresenta seu projeto, os interessados investem e têm direito a voto nas decisões da empresa e, se o negócio for bem-sucedido, passará a ganhar com a distribuição de receita e com a valorização do token, que, de maneira geral, funciona como uma ação e é negociado num mercado secundário.