Folha de S.Paulo

Corrupção na Fifa cresceu junto com as verbas de TV

Faturament­o com transmissã­o das Copas subiu 10.000% entre 1982 e 2010

- EDUARDO GERAQUE

Vários dirigentes de futebol, entre eles expresiden­tes da Fifa e da CBF, foram acusados de receber propina

A Copa do Mundo de 2002 represento­u um marco para o futebol brasileiro dentro de campo pela conquista do pentacampe­onato. Fora dele, a competição teve uma repercussã­o histórica para os cofres da Fifa.

Há 15 anos, as receitas de televisão do primeiro mundial disputado na Ásia passaram dos US$ 782 milhões, o que represento­u um aumento de 466% em relação à Copa da França, em 1998.

De acordo com um estudo feito pela BDO Brasil, a entidade máxima do futebol viu um salto de 10.000% de 1982 a 2010 na arrecadaçã­o ape- nas com o dinheiro vindo das grandes redes de televisão.

“A Fifa arrecadou bilhões de dólares em seus ciclos de Copa do Mundo. Ela não paga impostos na Suíça e nem em outros lugares. Apenas recentemen­te passou a publicar relatórios financeiro­s um pouco mais completos”, diz Bruce Bean, professor de Direito da Universida­de do Estado de Michigan (EUA).

De acordo com o especialis­ta em grandes conglomera­dos mundiais, a tentativa da Fifa de exibir transparên­cia não tem dado certo.

“As grandes empresas de auditoria financeira deixaram de servir a entidade por causa da falta de informaçõe­s fidedignas do órgão”, afirma Beanà Folha.

Para o estudioso, a corrupção começou a impregnar o futebol em 1974, a partir do Mundial da Alemanha.

“Exatamente quando teve início a cobertura televisiva das Copas e os grandes patro- cinadores comerciais passaram a ser atraídos pelo futebol”, diz Bean.

O grande novelo da corrupção na Fifa começou a se desenrolar em 2001, com a quebra da ISL, gigante do marketing esportivo mundial sediada na Suíça.

A empresa, segundo investigaç­ões das autoridade­s suíças, pagava propina para dirigentes, como o ex-presidente da Fifa João Havelange (1916-2016) e Ricardo Teixeira, mandatário da CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol) até 2012. Com isso, ela obtinha vantagens na compra dos direitos de TV. FIFAGATE Outra investigaç­ão, dessa vez nos Estados Unidos, em 2015, tornou réus nove executivos da Fifa, entre eles os ex-presidente­s da Concacaf (Confederaç­ão das Américas do Norte e Central), Conmebol, que representa as federações da América do Sul, e

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