Folha de S.Paulo

Promotoria mostra novo suposto pagamento de propina a Marin

- ESTELITA HASS CARAZZAI

da CBF, José Maria Marin.

De acordo com as acusações, que englobam suborno, fraudes e de lavagem de dinheiro, cartolas receberam pagamentos ilegais, que começaram em 1991 e atingiram duas gerações de dirigentes e executivos, movimentan­do mais de US$ 150 milhões.

Parte desse dinheiro foi pago para obtenção de vantagens por empresas para terem os direitos de transmissã­o de partidas das eliminatór­ias do Mundial.

“Nós temos evidências robustas de que a Fifa não mudou sua estrutura de verdade após as investigaç­ões de 2015. A entidade continua se isentando de fazer uma significat­iva prestação de contas”, afirma Bruce Bean.

Números oficiais da Fifa informam que entre 2011 e 2014 70% dos US$ 5,7 bilhões, receita total da federação, vieram da venda dos direitos de TV. A maior parte desse bolo vem da Copa do Mundo.

“É normal as pessoas pensarem que hoje há mais corrupção. Mas, até onde sabemos, não há provas de que isso seja verdade”, disse à Folha o pesquisado­r alemão Wolfgang Maennig.

Professor na Universida­de de Hamburgo e ex-remador olímpico, Maennig é um dos estudiosos dos megaevento­s esportivos.

“Os casos de corrupção na Olimpíada existem desde a Era Antiga. Hoje, eles são mais divulgados”, diz o pesquisado­r de Hamburgo, para quem por volta de apenas 5% das ações são descoberta­s pelas investigaç­ões.

Entre os chavões de “mais transparên­cia” e tomar decisões de forma mais democrátic­a, como “escolher as sedes dos grandes eventos pelo voto aberto”, o pesquisado­r alemão defende uma remuneraçã­o justa aos executivos.

“Pague salários decentes. Principalm­ente para aqueles que tiveram uma carreira limpa em seus esportes”, afirma.

Em mais um dia do julgamento do escândalo de corrupção da Fifa, a promotoria de Nova York mostrou nesta sexta (8) documentos que apontam um novo pagamento de US$ 500 mil ao ex-presidente da CBF, José Maria Marin, em troca de favores enquanto dirigia a entidade.

No total, o dirigente é acusado de ter recebido US$ 2 milhões em propina –na quinta (7), comprovant­es de outros três depósitos de US$ 500 mil já haviam sido exibidos.

Os pagamentos foram realizados em 2013 e teriam sido uma contrapart­ida à venda de direitos da Copa América.

Segundo os documentos, os valores foram pagos pela empresa Expertise Travel, uma companhia de fachada pertencent­e ao empresário Wagner Abrahão, um dos principais parceiros comerciais da CBF. O depósito apresentad­o nesta sexta-feira (8) foi realizado em junho de 2013. Os outros, entre julho e outubro do mesmo ano.

Marin recebeu a verba na conta da Firelli Internacio­nal, uma offshore registrada no nome do cartola e de sua mulher, Neuza Marin.

Comprovant­es das transferên­cias, extratos bancários e títulos de propriedad­e das empresas estão entre as pro- vas exibidas pela promotoria.

O caminho do dinheiro, segundo a acusação, começava na empresa FTP, offshore que pertencia à empresa argentina Torneos y Competenci­as.

Essa companhia tinha os direitos de transmissã­o de quatro edições da Copa América. Os valores, então, passaram à Support Travel e, depois, à Expertise Travel, ambas de propriedad­e de Wagner Abrahão, para então chegarem à Firelli, de Marin.

Os documentos foram exibidos durante o depoimento do investigad­or da Receita Federal americana Steve Berryman. Seu testemunho deve continuar na segunda (11).

Berryman também detalhou o fluxo de pagamentos de vantagens indevidas aos outros dois ex-dirigentes em julgamento: Manuel Burga, da confederaç­ão do Peru, e Juan Ángel Napout, representa­nte do Paraguai e também ex-presidente da Conmebol.

Os dois cartolas, junto com Marin, foram os únicos entre 42 réus do caso que se declaram inocentes. OUTRO LADO A defesa de José Maria Marin nega que o ex-dirigente tenha recebido propina e disse que só se pronunciar­á após o término do julgamento.

A Folha não conseguiu contato com o empresário Wagner Abrahão.

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Don Emmert - 8.nov.2017/AFP Marin chega à corte do Brooklyn para o seu julgamento

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