Folha de S.Paulo

À frente de chapa corintiana, diretor deu aval para anistia

Medida liberaria 845 para votar na eleição, mas foi barrada pela comissão

- ALEX SABINO

Secretário geral do Corinthian­s disse que, se fosse consultado, não autorizari­a a anistia ‘porque não é correto’

Os 845 sócios do Corinthian­s que reativaram seus títulos com desconto não poderão mais votar na eleição do clube, em fevereiro.

A anistia dada a sócios havia sido determinad­a por Eduardo Caggiano, diretor administra­tivo do clube, que também assinou documento como coordenado­r de campanha de Andrés Sanchez, candidato à presidênci­a.

A iniciativa foi invalidada pela comissão eleitoral nesta quinta (7). A pedido do candidato Romeu Tuma Jr.

“Foi decisão tomada em consenso. A única possibilid­ade de alguém que regularizo­u participar da eleição é se provar que pagou o valor correto”, diz o presidente do conselho deliberati­vo, Guilherme Strenger.

A anistia deveria ser avalizada pelo secretário geral Antônio Jorge Rachid Júnior, mas ele se recusou a autorizar a medida por considerá-la ilegal.

“Não fui consultado, se fosse não aprovaria. A ordem veio de cima, da diretoria”, disse Rachid à Folha.

Caggiano enviou e-mail em 1º de dezembro comunicand­o a anistia. Três dias depois, assinou o protocolo de inscrição eleitoral da chapa de Sanchez. A Folha teve acesso aos dois documentos.

Sanchez afirma que Caggiano, na verdade, está à frente de uma das chapas de 25 candidatos ao conselho deliberati­vo que o apoiam.

Em situação normal, o sócio inadimplen­te há mais de um ano teria que pagar entre R$ 800 e R$ 1.100 para reativar o título. Com o desconto, o valor caiu para R$ 450 no plano individual e R$ 600 no familiar. Nos dois casos, o associado precisaria quitar também a mensalidad­e de janeiro (entre R$ 120 e R$ 170).

O procedimen­to não estava de acordo com o estatuto do clube, que proíbe “anistia financeira aos associados no período de 12 meses anteriores à AG [Assembleia Geral]”.

Em conversas com candidatos a presidente, a diretoria rejeitou o termo “anistia” e disse ter dado um “desconto”. De acordo com o artigo 107 do Código Penal, anistia é forma de extinguir a punibilida­de de uma infração.

A quitação de janeiro não é obrigatóri­a para participar da eleição. O estatuto do Corinthian­s diz que, para votar, o sócio deve estar em condição regular dois meses antes do pleito. Como as mensalidad­es vencem no dia 10 de cada mês, quem pagou novembro está apto, mesmo que depois fique inadimplen­te. A eleição está marcada para 3 de fevereiro de 2018.

O prazo de três dias para regulariza­r a situação de sócios provocou uma correria entre os presidenci­áveis.

Andrés Sanchez, Antonio Roque Citadini, Felipe Ezabella, Paulo Garcia e Romeu Tuma Jr serão candidatos. Sanchez é o nome da situação. Seu grupo político, “Renovação e Transparên­cia”, está no poder desde 2007.

O próprio Antônio Rachid, aliado de Paulo Garcia, gravou áudio pedindo a associados inadimplen­tes comparecer­em ao clube porque a situação seria resolvida. OUTRO LADO

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