Folha de S.Paulo

Aécio é vaiado e fica apenas 40 minutos no evento

- DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumiu neste sábado (9) o comando do PSDB com um aceno ao governo Michel Temer (PMDB) em um esforço para manter canais abertos para uma aliança em torno de sua candidatur­a ao Palácio do Planalto em 2018.

Com ataques ao PT, o paulista foi eleito presidente da sigla em um evento que abafou as cobranças de grupos tucanos que defendiam um rompimento contundent­e da sigla com Temer. Os principais críticos do governo, em especial a ala de deputados mais jovens, ficaram apagados durante a convenção.

Em seu discurso, Alckmin poupou Temer de críticas e chegou a enaltecer o trabalho do presidente pela aprovação de reformas econômicas.

“Registre-se os esforços do atual governo, que pouco a pouco começa a reversão da tragédia econômica em que o país foi colocado”, disse.

O gesto de Alckmin, embora tímido, contém uma mudança de tom e de estratégia em relação a sua candidatur­a presidenci­al. O tucano planejava se manter afastado do PMDB de Temer e de parte das siglas de sua base, por considerar que a impopulari­dade do presidente prejudicar­ia sua campanha.

Agora, aliados do governador paulista admitem uma aproximaçã­o com esses partidos para construir uma aliança mais ampla e evitar o lançamento de uma candidatur­a alternativ­a no bloco da centrodire­ita –como a do ministro Henrique Meirelles (Fazenda).

Alckmin disse em entrevista após o evento que só pretende discutir a formação de alianças após a confirmaçã­o de seu nome como candidato ao Planalto, o que deve ocorrer até março.

Segundo auxiliares, o governador estuda marcar um encontro com Temer nas próximas semanas para discutir

Ex-presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) foi hostilizad­o neste sábado (9) ao chegar à convenção nacional do partido, em Brasília.

Na entrada do centro de convenções onde ocorria o evento, uma claque favorável ao mineiro o aguardava. Eles seguravam uma faixa em que o mineiro era aclamado como “o melhor presidente da história do PSDB” e agradeciam a ele por sua “coragem e comprometi­mento com o país”.

O grupo o acompanhou até a porta do auditório. Dentro, sem os apoiadores, Aécio ouviu vaias e gritos de “fora!”.

O locutor do encontro tentou contornar a situação. O mineiro não foi chamado para sentar à mesa montada no palco e, na sequência, deixou o evento. Ele ficou no local por 40 minutos.

Alguns tucanos, no entanto, disseram que as vaias não foram para o senador, mas para o governador do DF, Rodrigo Rollemberg.

Aécio perdeu força no partido e se licenciou da presidênci­a da sigla em maio, depois que foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, fizeram autocrític­a em seus discursos.

“Nós precisamos de humildade e entender que nós erramos. E temos que corrigir o que nós erramos. Precisamos ter a escuta maior do povo”, disse o ex-presidente.

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Talita Fernandes/Folhapress O senador Aécio Neves na convenção do partido, em Brasília

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