Tucano faz defesa enfática da reforma da Previdência
Alckmin quer que deputados tucanos sejam obrigados a votar a favor do texto
‘A Previdência está insustentável, nós temos que votar a reforma’, disse FHC no evento
Após assumir a presidência do PSDB, o governador Geraldo Alckmin (SP) adotou discurso mais enfático em apoio à agenda econômica do governo Michel Temer e defendeu que deputados tucanos sejam obrigados a apoiar a reforma da Previdência.
“Minha posição pessoal é pelo fechamento de questão [determinação do partido para que todos os deputados votem de uma mesma forma sob pena de punição]”, disse em entrevista após a convenção.
“Mas essa não é uma decisão só da Executiva, é também da bancada, pelo estatuto. O caminho agora é o do convencimento”, afirmou o governador.
Ele prometeu marcar reunião com parlamentares tucanos sobre a questão na semana que vem.
Em seu discurso, instantes antes, Alckmin havia endossado a pauta das reformas do Estado, em uma tentativa de vincular o PSDB a essa agenda, e responsabilizou o PT pela recessão dos últimos anos.
“Temos compromisso com as reformas que vão dar condições para o Brasil voltar a crescer. Sabemos como chegar lá, acreditamos em políticas públicas perenes, e não em bravatas de marketing.”
O tucano disse que o partido “reitera sua disposição no âmbito do Congresso à aprovação de reformas necessárias ao nosso país” e apontou que a reestruturação da Previdência visa a combater privilégios. “É necessária para não termos brasileiros de duas classes”, discursou.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu discurso, foi na mesma linha. “A Previdência está insustentável. Nós temos que votar a reforma da Previdência, mas não podemos fechar os olhos e ceder às corporações. As corporações são inimigas do povo brasileiro”, afirmou.
O governo tentará votar a reforma da Previdência na próxima semana. O Planalto tem cerca de 260 votos, ainda longe dos 308 necessários para levar a reforma adiante. Os tucanos, com 46 votos, estão divididos sobre o tema. TEMER nistro Henrique Mereilles (Fazenda), que trabalha para se viabilizar como o candidato do governo à Presidência em 2018. Em entrevista à Folha, Meirelles disse que Alckmin, em 2018, não será o candidato do governo.
O entorno do presidente Michel Temer se incomodou com o tucano, que diversas vezes, disse que, se dependesse dele, o PSDB nunca teria embarcado na administração federal.
Dois dos quatro ministros tucanos deixaram a Esplanada antes da convenção, mas não evitaram deterioração da relação do governo com o PSDB.
O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), inclusive, disse que o PSDB não era mais da base, antes de qualquer anúncio oficial tucano. LIBERAL Em seu discurso, Alckmin fez uma fala favorável ao enxugamento do tamanho do Estado. “Já passou da hora de tirar o peso desse Estado ineficiente das costas dos trabalhadores e empreendedores brasileiros”, declarou.
“O PSDB é um instrumento da modernização do Brasil, o Brasil desburocratizado” afirmou. “Vamos perseguir a inovação de forma obsessiva.” O tucano também se disse a favor de privatizações, das concessões e das PPPs (parcerias público-privadas). (DANIEL CARVALHO, THAIS BILENKY, TALITA FERNANDES E BRUNO BOGHOSSIAN)