Caetano canta no largo da Batata em prol de sem-tetos
DE SÃO PAULO
Neste domingo (10), às 18h, Caetano Veloso se apresenta no largo da Batata, em São Paulo, em ocasião dos 20 anos do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
À Folha, por e-mail, ele afirma que a apresentação é uma maneira de “compensar a frustração pela interdição” de um show que faria em uma ocupação do MTST em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, em outubro.
A ação civil pública que ensejou a proibição alegava questões de segurança mas argumentava também que a ocupação já tinha liminar de reintegração de posse confirmada em segunda instância.
Ele atribui a conversas com Guilherme Boulos, coordenador do movimento, sua maior aproximação à causa dos semtetos. “Eu não tinha conhecimento de como funcionava o MTST.” O cantor diz ter aprendido que trata-se de um “movimento social muito esclarecido”: “Boulos ensina que há mais casas vazias no Brasil do que famílias sem casa.”
Para Caetano, artistas não têm obrigação de se manifestar politicamente, mas podem e têm feito esforço para superar “muitos abismos”.
Ele diz ser estimulado pelo ativismo da empresária Paula Lavigne, sua mulher, e tender a aderir às causas dela com facilidade. “Sempre me movi como alguém vivo em meio às injustiças e dificuldades.”
Lavigne coordena a plataforma #342 Agora, apoiada por artistas como Wagner Moura, Criolo e Karol Conka.
O grupo endossa pautas progressistas, se contrapondo ao Movimento Brasil Livre —o qual Caetano processou e venceu uma tutela antecipada após ser tachado de pedófilo (o músico tinha mais de 40 anos quando conheceu Lavigne, então com 13).
Caetano diz acreditar que o diálogo entre polos ideológicos poderia trazer “melhor estado de saúde social”.
O cantor declara seu voto ao presidenciável Ciro Gomes, vítima, segundo ele, de um boicote da imprensa.
“A Folha mesmo só deu visibilidade à candidatura dele quando, depois de esperar muito, encontrou uma palavra dita por ele que poderia desmerecê-lo —e deram foto colorida sob a palavra “testosterona” tirada de contexto”. Em evento no Rio, ao comentar a postura da pré-candidata Marina Silva, Ciro afirmou que o “momento político é de testosterona”.
Caetano ainda revela a “fantasia remota” de ocupar um cargo político a fim de revitalizar o município baiano de Santo Amaro, onde nasceu.
“Sabe-se que na China (assim como na Rússia soviética) foi o comunismo centralizador a contaminar as águas, as terras e o ar. Mas em Santo Amaro foi o capitalismo”, diz, relatando a atuação de uma fábrica de chumbo condenada por poluir o rio Subaé.