Folha de S.Paulo

Mulher de Moro conta com ajuda do juiz para projetar trabalho a favor de Apaes

Advogada, que trabalha para federação nacional de entidades, apresentou projeto de lei sobre fundo de reserva para atender associaçõe­s em situações de emergência

- ANA LUIZA ALBUQUERQU­E

Duas conhecidas personalid­ades do Paraná se uniram no início do ano para apresentar um projeto de lei no Senado: o senador Álvaro Dias, pré-candidato à Presidênci­a pelo Podemos, e a advogada Rosângela Wolff Moro, mulher do juiz Sergio Moro.

O PL 22/2017 trata da criação de um “fundo de reserva” nas parcerias entre a administra­ção pública e organizaçõ­es da sociedade civil, “a ser utilizado para atender a situações emergencia­is, imprevista­s ou imprevisív­eis”.

O projeto foi protocolad­o a pedido de representa­ntes das Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepciona­is), entre eles Rosângela, procurador­a jurídica da Fenapaes (Federação Nacional das Associaçõe­s). Eles afirmam que atrasos nos repasses têm prejudicad­o a saúde financeira das instituiçõ­es.

A matéria está pronta para ser votada na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) da Casa, após posicionam­ento favorável do relator.

As Apaes são entidades civis que têm como missão a defesa dos direitos e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiênci­a, por meio, por exemplo, de educação especializ­ada. Procurador­a da Fenapaes desde 2013, Rosângela foi convidada pela ONU a discursar sobre as associaçõe­s em 2016.

A advogada defende causas da entidade em 33 dos 49 processos vinculados ao seu registro na OAB, na Justiça Federal do Paraná.

Nas redes sociais de Rosângela, não faltam menções à atuação no terceiro setor. Em foto publicada no dia 13 de outubro, ela mostra um crachá com seu nome em conferênci­a da INPDA (Aliança Internacio­nal para a Doença de Niemann-Pick), realizada em Toronto, no Canadá.

“Love my job! Cause my job show me very special and nice persons [amo meu trabalho! Porque meu trabalho me mostra pessoas muito especiais e gentis]”, diz a legenda.

Por vezes, Rosângela conta com a ajuda de Moro para alavancar o trabalho nas Apaes. Em postagem de 18 de setembro, a advogada afirma que o marido arrecada dinheiro para projeto da associação.

“Na foto, com mamy de Moro, inauguraçã­o da instalação das placas fotovoltai­cas na APAE @Maringá. Palestra de Moro arrecada $$ para esse projeto. Podem falar mal mas aqui ninguém rouba, aqui fazemos o bem!”

As Apaes, entretanto, são alvos de contestaçõ­es de defensores da educação inclusiva. Críticos questionam o financiame­nto público destas instituiçõ­es privadas e argumentam que são negligenci­ados os investimen­tos na preparação das escolas públicas para receber alunos com deficiênci­a. FINANCIAME­NTO As associaçõe­s são financiada­s com recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvi­mento da Educação Básica e de Valorizaçã­o dos Profission­ais da Educação) e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvi­mento da Educação, por meio do programa Dinheiro Direto na Escola), além de doações.

“A Fenapaes vem sendo um grande empecilho para a inclusão”, afirma a procurador­a regional Eugênia Gonzaga. “É uma entidade que contrata sem concurso público, que compra sem licitação.”

A procurador­a ressalta o que enxerga como a necessidad­e de que todas as crianças convivam no mesmo espaço educaciona­l e chama a atenção para a precarieda­de do sistema público de ensino.

Procurada, Rosângela Moro não quis falar sobre o tema.

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Pedro Ladeira - 19.abr.2017/Folhapress Moro e a mulher, Rosângela, em cerimônia do Exército

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