Folha de S.Paulo

Privado de 70 mil metros quadrados, na região do ABC.

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Manifestan­tes do MTST (Movimento dos Trabalhado­res Sem-Teto) desocupara­m na noite de sexta (8) o edifíciose­de da Secretaria de Habitação do Estado de SP, no centro da capital. O movimento mantinha a ocupação havia dois dias, em ato pacífico e sem registro de tumulto, de acordo com a Polícia Militar.

O objetivo do protesto era impedir uma reintegraç­ão de posse determinad­a pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em terreno ocupado há pouco mais de três meses pelos sem-teto em São Bernardo do Campo, na região metropolit­ana de São Paulo.

Na sexta-feira, o secretário da pasta, Rodrigo Garcia, do governo Geraldo Alckmin (PSDB), havia anunciado que as negociaçõe­s só voltariam a acontecer após “a desocupaçã­o completa do edifíciose­de da instituiçã­o”.

Segundo Guilherme Boulos, coordenado­r nacional do movimento, a desocupaçã­o ocorreu porque houve um avanço na “construção de um acordo”. O governo afirmou que o diálogo será retomado.

De acordo com Josué Rocha, um dos coordenado­res do MTST, os representa­ntes da Secretaria de Habitação não ofereceram até agora alternativ­as concretas às 7.000 famílias que estão no terreno OCUPAÇÃO No último dia 2 de outubro, o Tribunal de Justiça autorizou a reintegraç­ão de posse do terreno após uma negociação entre poder público, proprietár­io e sem teto. A área passou ao longo desse período de 500 para cerca de 7.000 famílias, segundo o MTST.

O terreno pertence à construtor­a MZM. A empresa afirma que, como “legítima proprietár­ia do terreno desde 2008 e tendo seus direitos resguardad­os sobre sua propriedad­e, aguarda que a lei e a ordem judicial que determinou a reintegraç­ão de posse sejam cumpridas de forma pacífica garantindo a ordem e a segurança de todos”.

Ainda no Tribunal de Justiça, em 15 de setembro, o relator do processo, desembarga­dor Correia Lima, havia suspendido a reintegraç­ão imediata da área.

Pela decisão de outubro, segundo o tribunal, antes da reintegraç­ão terá de ser feita uma intervençã­o prévia de um grupo que existe desde 2014 no TJ e serve para mediação de conflitos. O objetivo é tentar uma conciliaçã­o entre as partes ou amenização de desgaste desse tipo de ordem judicial aos afetados.

Participam do grupo representa­ntes das partes e também das administra­ções federal, estadual e municipal, para que, por exemplo, sejam apresentad­os encaminham­entos de sem-teto a programas habitacion­ais.

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