Folha de S.Paulo

Meus filhos e acabei parando na rua. Sei da importânci­a de ajudar alguém”, diz.

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da casa simples onde moram.

A família acaba ajudando no trabalho de separação do material colhido na rua por seu José, mas deseja que ele diminua o ritmo atual.

“Ele gosta muito do que faz e se esforça todos os dias catando esse material, mas a gente acha que ele deveria dar mais atenção à saúde e não fazer tanto esforço. Por outro lado, ele se renova a cada domingo que entregamos as marmitas”, diz a recepcioni­sta Glaucia Regina Comitre Quinarelli, 40, filha de José.

O domingo (17) será o único do ano em que seu José não irá servir as refeições, que seguem normalment­e durante o período de festas.

“Vou até Aparecida [179 km de SP] agradecer a Nossa Senhora por conseguir realizar esse trabalho com saúde e sem parar.”

É a marmita oferecida por seu José que provê, há três anos, o almoço de Valquíria França Volpato, 46.

“Antes de me tornar moradora de rua, trabalhei com assistênci­a social ajudando crianças, mas muita coisa aconteceu, perdi minha casa, FUTURO São dezenas de panelas para dar conta dos 25 quilos de arroz, seis quilos de feijão e oito quilos de maionese. Mesmo com boa parte da casa ocupada pela logística da produção das marmitas, seu José pensa em ampliar o espaço dedicado ao próximo.

“Minha mulher quer muito fazer, no quintal, uma área de convivênci­a, de descanso para os voluntário­s, mas eu gostaria mesmo de fazer banheiros e chuveiros para que os amiguinhos da rua pudessem se lavar, ter onde se cuidar, ter mais dignidade.”

Ele não tem planos de trocar a Kombi, embora relate que seus maiores aborrecime­ntos na vida atualmente venham dos constantes reparos que precisa fazer no veículo, ornamentad­o com imagens de santo e um crucifixo.

“Escuto muito das pessoas que já não necessito fazer tanto pelo próximo, para eu parar, para eu descansar, viajar, curtir a vida de aposentado, mas há uma voz dentro de mim que fica dizendo: ‘Faça por eles’.”

Além da ação da doação de comida, seu José faz visitas e ajuda asilos, creches e comunidade­s carentes.

“Quando dou uma marmitinha para um irmãozinho e ele retribui com um gesto ou um olhar de gratidão, para mim, não tem preço.”

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