Foi vice-governador e deputado federal por SC

FOLHA

Filho de pais italianos, Victor Fontana fazia jus às origens: gostava quando o assunto era comida na mesa.

De infância pobre em Santa Maria da Boca do Monte (RS), Victor aprendeu a trabalhar na lavoura aos 11 anos e não mais parou. Tomou gosto pelo agronegócio e se formou em química industrial.

Aos 33, a convite do tio At- tilio, dono da gigante alimentícia Sadia, mudou-se para Santa Catarina. Fundou e presidiu diversas entidades de proteção e modernização da categoria, sempre pensando no trabalhador do campo. “Sem renda, ele e sua família vão para a cidade”, dizia.

Fez também carreira na política. Foi secretário da Agricultura de SC, deputado federal por duas legislaturas (19791983 e 1987-1992) e vice-governador no primeiro mandato de Esperidião Amin (19831987). Depois, esteve à frente da Celesc, estatal de energia, e do Besc, banco estadual.

Lúcido, alegre e disposto, Victor raramente ficava sozinho. Chamava os amigos carinhosamente de “guri”. Era bom de prosa — sempre tinha um conselho a dar, em temas que variavam de trabalho a sexo. Para ele, conversar e contar histórias não era somente a alma dos negócios, mas, a essência da vida. “Não existe melhor coisa na vida que conhecer e falar com gente”.

Gostava de cinema e era um leitor ávido de clássicos —tinha o hábito peculiar de recitar suas partes favoritas de “Dom Quixote” em espanhol, lembra o jornalista Moacir Pereira, seu biógrafo.

Morreu no dia 5, aos 101 anos, após complicações de uma pneumonia. Deixa a mulher, Lia, dois filhos, seis netos e dois irmãos. coluna.obituario@grupofolha.com.br

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