Folha de S.Paulo

Sim. Kylo sente que possui uma justificat­iva moral para fazer o que faz. J.J. (Abrams,

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FOLHA,

Cinco anos atrás, quando ganhou os olhos do mundo por seu papel na série televisiva “Girls”, Adam Driver, 34, só tinha a pretensão de ganhar o suficiente para pagar o aluguel e continuar a atuar em peças offBroadwa­y.

Virar o vilão de uma franquia bilionária não estava nos planos.

Mas em “Star Wars: O Despertar da Força” (2015), o ator transformo­u-se em Kylo Ren, filho de Han Solo (Harrison Ford) e Leia (Carrie Fisher), que debanda para o lado negro da Força e mata o próprio pai.

Tímido e consciente do seu papel, Driver fala sobre a experiênci­a e o futuro do seu personagem em “Star Wars: Os Últimos Jedi”. Folha - Você parece mais relaxado neste segundo filme.

Adam Driver - Ainda não me sinto confortáve­l com tanta atenção de imprensa e fãs nestes períodos, preciso admitir. Acho que parte do meu trabalho é ficar anônimo. Como já fiz isso antes, entendi que não é o fim do mundo [risos]. As pessoas estão empolgadas, eu também estou. Finalmente podemos falar sobre a cena em que Kylo mata um dos personagen­s mais queridos da cultura pop em “O Despertar da Força”. Foi difícil para você?

Sim, foi perturbado­r. Aquele dia foi muito tenso, eu estava nervoso, porque sabia que o momento de filmar a cena estava chegando.

Ela foi uma das razões de ter demorado tanto para aceitar o papel. Sabia que seria algo importante e não poderia ser feita da maneira errada. Foi uma cena íntima para cada pessoa envolvida.

Consideran­do o desfecho dela, acho que foi feita de forma bastante calorosa [risos].

Harrison foi muito generoso. Não consigo imaginar como foi a experiênci­a para ele, porque nunca conversamo­s sobre isso. Mas, antes de filmar, ele me disse: “Somos apenas nós dois aqui. Nós dois, sozinhos”. Foi algo lindo de ouvir, porque estávamos no meio dessa máquina gigantesca, em um cenário imenso, e ele fez com que a cena ficasse o mais íntima possível. Foi um momento de virada do personagem. Vão explorar neste segundo filme? diretor de “O Despertar”) não queria que ele fosse apenas mau por natureza. Ele é mais imprevisív­el no segundo filme, porque não há mais limites para o que pode fazer. Acima de tudo, existe uma questão de fé. Ele é testado constantem­ente e não para de se questionar. Kylo representa uma área cinzenta entre o bem e o mal, algo que não temos na trilogia original.

Não quero comparar com os originais, mas Rian [Johnson, diretor e roteirista de “Os Últimos Jedi”] fez um ótimo trabalho ao escrever ambiguidad­es, algo que acredito que o público consegue encarar hoje em dia. Como Kylo Ren inicia “Os Últimos Jedi”?

Encontramo­s Kylo logo depois dos eventos de “O Despertar da Força”, então ele ainda não teve tempo de processar tudo o que aconteceu. O longa começa a mil quilômetro­s por hora e não desacelera por nenhum minuto. É o que amo nesses filmes: eles são episódicos, mas os riscos são grandes em todos os recomeços. (RODRIGO SALEM)

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