Folha de S.Paulo

Muito bom, mas não o único

- TOSTÃO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

NA VITÓRIA por 3 a 1, do Bayern sobre o PSG, em Munique, pela Liga dos Campeões da Europa, os três grandes destaques foram franceses. Pelo Bayern, o volante Tolisso, autor de dois gols, e o atacante pelos lados Coman. Pelo PSG, Mbappé. Neymar e Daniel Alves tiveram fracas atuações. No primeiro jogo entre os dois times, o PSG venceu por 3 a 0. As duas equipes, mais Barcelona, Real Madrid e Manchester City, são as mais fortes candidatas ao título.

A França é o país que mais revelou ótimos jogadores, após a Copa de 2014. Além de Mbappé, Tolisso e Coman, estão na seleção o zagueiro Umtiti, do Barcelona, que faz dupla com Varane, do Real Madrid, o volante Kanté, um dos destaques do Chelsea e do futebol mundial, o atacante pelos lados Dembélé, contundido, contratado pelo Barcelona, e outros.

Griezmann, do Atlético de Madrid, e Pogba, do Manchester United, titulares no Mundial de 2014, evoluíram e estão entre os melhores do mundo em suas posições.

Os problemas da França estão no técnico e no centroavan­te. Deschamps é confuso e não sabe, com tantos bons jogadores, como escalar o time. O ótimo centroavan­te Benzema não é chamado, por causa de problemas que teve ou tem na justiça. Se fosse assim, alguns jogadores de outros países não estariam nas seleções. O grandalhão Giroud, artilheiro e excelente nas jogadas aéreas, é muito limitado em outros fundamento­s técnicos.

É lógico e esperado que as boas atuações de jogadores brasileiro­s na Europa sejam elogiadas. Mas sem distorcer os fatos. Leitores, ouvintes e telespecta­dores, como eu, querem também conhecer os detalhes técnicos e a história de times e seleções de outros países. Um fala, escreve, e outros repetem. São os comentaris­tas de Twitter. Não é só o Brasil que tem ótimos jogadores. DONO DO MUNDO Durante o julgamento de Marin, nos EUA, o delator e empresário J. Hawilla, que dominou o mundo dos negócios do futebol sul-americano por muito tempo, com influência até nos Estados Unidos, acusou, com áudios gravados, o ex-presidente da CBF, o atual, Del Nero, e o antecessor de Marin, Ricardo Teixeira, de terem recebido milionária­s propinas. A última teria sido em 2013. J. Hawilla fez um acordo com a Justiça americana para pagar 151 milhões de dólares. Já devolveu 45 milhões. Essa volumosa quantia é um retrato do absurdo tamanho da corrupção no futebol.

Segundo J. Hawilla, uma das contrapart­idas dos dirigentes para receber a propina era escalar todos os titulares nos amistosos. Isso mostra como os técnicos são pressionad­os.

Na Copa América de 1999, no Paraguai, cheguei ao hotel da seleção, antes da final contra o Uruguai, para trabalhar como comentaris­ta. Havia uma multidão e muito tumulto no hall, com a presença de torcedores, dirigentes e empresário­s. A fila para o check-in era enorme. Aí, chegou J. Hawilla, que se ofereceu para agilizar meu check-in e disse que, se eu precisasse de qualquer coisa, era só falar com ele. Parecia o dono do hotel, da competição, do mundo. Pelo jeito, era mesmo.

Quase aceitei, por comodidade. A vida tem muitas tentações. Continuei na fila. Corrupto gosta de fazer favor para receber algo em troca, mesmo que seja o silêncio. “É dando que se recebe” é uma maneira de propagar a corrupção, que destrói o país.

Leitores, ouvintes e telespecta­dores, como eu, querem saber detalhes de equipes de outros países

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