Folha de S.Paulo

O craque do Brasileirã­o

- JUCA KFOURI

DESDE 2005, ano em que a CBF começou a escolher o craque do Brasileirã­o, pela terceira vez um centroavan­te é o escolhido.

Jô, do campeão Corinthian­s, artilheiro ao lado de Henrique Dourado, do Fluminense, foi o eleito da CBF, assim como ganhou a Bola de Ouro e a de Prata da ESPN Brasil.

Com 1,89m e 30 anos, Jô renasceu para o futebol nesta temporada, mas jamais esteve na lista de convocados por Tite para a seleção brasileira e nada indica que pense nele para disputar a Copa do Mundo, embora diga que ainda há vagas.

Antes de Jô, no ano passado, o menino Gabriel Jesus foi o craque do campeonato, como Fred havia sido em 2012. Fred disputou a Copa de 14 e Gabriel Jesus deverá ser o titular na de 18.

Jô esteve na disputada no Brasil, na reserva justamente de Fred, participou de 20 jogos com a camisa amarela, quase sempre vindo do banco, e marcou com ela cinco gols.

Na constelaçã­o de craques do Brasileirã­o, encontramo­s nomes consagrado­s como os de Carlitos Tévez, Rogério Ceni (duas vezes), Hernanes, Diego Souza, Conca, Neymar, Everton Ribeiro (também duas vezes) e Renato Augusto, além dos citados Fred e Gabriel Jesus.

Não causa estranheza que o craque de 2017 não esteja na seleção?

Aliás, do time eleito pela entidade, o goleiro santista Vanderlei também não está, como não estão os laterais corintiano­s Fagner e Guilherme Arana, o zagueiro gremista Geromel, os meio-campistas Bruno Silva, do Botafogo, Hernanes, do São Paulo, Arthur, do Grêmio, e Thiago Neves, do Cruzeiro, além do também artilheiro Henrique Dourado.

Trata-se de óbvio atestado de pobreza para o futebol jogado no país.

Como cada um tem seus preferidos, eu não deixaria de fora da Copa russa Geromel, Arthur, Luan, estranhame­nte fora dos escolhidos pela CBF, como levaria Hernanes e...Jô.

Sim, Jô.

Quando, ainda no primeiro turno do Campeonato Brasileiro, o comentaris­ta Walter Casagrande falou nele, o mundo quase veio abaixo.

Não faltaram desqualifi­cações ridículas como a de atribuir a opinião ao fato de Casão ter sido jogador do Corinthian­s e por aí afora.

Entre Jô e Diego Souza, em 2017, não cabe dúvida: o alvinegro jogou muito mais.

Entre ele e Roberto Firmino é justo que Tite balance, mas a maior rodagem de Jô pode ser decisiva.

Se será, só Tite sabe, além de ser preciso ver como Jô estará na temporada que vem.

Mas se não é função do técnico da seleção adoçar o Brasileiro, um olhar mais atento para os que se destacam por aqui não chega a ser pedido exagerado.

Para que não se decrete, de vez, que o campeonato nacional é, no máximo, da segunda divisão do futebol mundial.

Temo que seja.

O que a escolha do corintiano Jô significa para avaliar o nível atual do futebol jogado no Brasil

FLAMENGO ATÉ MORRER Na quarta-feira (13), no Maracanã lotado, o Flamengo receberá o envolvente Independie­nte em busca de uma vitória por dois gols de diferença para fechar o ano internacio­nal do futebol brasileiro com chave de ouro: seleção campeã das eliminatór­ias, Grêmio campeão da Libertador­es e só falta o Flamengo.

Será sim o chamado jogo do ano para o rubro-negro, aquele que vale disputar com o coração na ponta da chuteira, de “jugar a morir”, como dizem os hermanos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil