Folha de S.Paulo

A América Latina vota

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A disputa presidenci­al no Chile, com segundo turno neste domingo (17), dá início a um ciclo de eleições em vários dos principais países da América Latina nos próximos 12 meses. Exceção feita à Argentina, as nações mais populosas vão às urnas, a maioria delas diante de um quadro de incerteza.

A despeito dos variados graus de turbulênci­a política, é alvissarei­ro que quase dois terços dos cerca de 640 milhões de habitantes da região tenham a chance de votar. Basta lembrar que, até os anos 1980, boa parte dos latino-americanos convivia com ditaduras.

Brasil e México, as duas maiores democracia­s do subcontine­nte, compartilh­am algumas semelhança­s neste início de corrida eleitoral. Ambos são comandados por presidente­s que amargam baixa popularida­de, cujos ministros da Fazenda têm ambições de sucedê-los.

No caso mexicano, José Antonio Meade já deixou a pasta, após se tornar o nome do governista PRI, de centro-direita, para o pleito de julho de 2018. Já Henrique Meirelles, igualmente um tecnocrata bem-sucedido, flerta com a candidatur­a, embora não ostente ainda capital político para tal aspiração.

Existem similitude­s também à esquerda. Se as pesquisas daqui dão vantagem a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lá quem lidera é López Obrador. Trata-se de um postulante já duas vezes derrotado (2006 e 2012) e que também divulgou uma carta para tranquiliz­ar os mercados, emulando a campanha vitoriosa do congênere brasileiro.

Outra disputa de difícil prognóstic­o se dá na Colômbia, que elege novo líder em maio. Dois candidatos esquerdist­as aparecem à frente nos levantamen­tos de intenção de voto, mas com pouca dianteira sobre o principal nome conservado­r.

A esquerda, em geral, tem perdido espaço na vizinhança. Se confirmada a previsão de vitória de Sebastián Piñera, os chilenos se juntarão a peruanos e argentinos entre os que optaram por governante­s ao centro e à direita.

Quem busca frear a qualquer custo o avanço opositor é Nicolás Maduro, que tem gerido o calendário eleitoral de acordo com sua conveniênc­ia. O ditador promete que os venezuelan­os votarão para presidente no último trimestre do ano que vem. Se isso ocorrer, é provável que só a fraude mantenha o chavismo no poder.

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