Folha de S.Paulo

A OMC e os caminhos do comércio

A organizaçã­o exerce papel central na economia; no pós-crise de 2008, apesar da tentação, não houve multiplica­ção de barreiras

- ROBERTO AZEVÊDO Elétrica da UFMG (Belo Horizonte, MG)

Acontece nestes dias, em Buenos Aires, a 11ª Conferênci­a Ministeria­l da OMC (Organizaçã­o Mundial do Comércio). É a primeira vez que a América do Sul sedia esse encontro, realizado a cada dois anos. Ministros responsáve­is por comércio de todo o mundo estão reunidos para discutir a situação do comércio global, tomar decisões sobre temas de interesse comum e discutir o trabalho futuro da organizaçã­o.

A OMC exerce um papel central na economia global. Isso ficou claro, por exemplo, no pós-crise de 2008. Apesar da evidente tentação, não houve uma multiplica­ção descontrol­ada de barreiras comerciais.

As regras comuns, acordadas no âmbito da OMC, evitaram a escalada protecioni­sta que muitos temiam. O cenário da década de 1930 foi evitado. Menos de 5% das importaçõe­s mundiais foram afetadas por barreiras comerciais desde o início da crise. O sistema atua, assim, como um garante das relações econômicas globais, especialme­nte em tempos de incertezas. Sem ele, certamente estaríamos em uma situação muito pior.

Por isso, é fundamenta­l preservar e fortalecer o sistema. Esse trabalho não é fácil, mas conquistas recentes mostram que é possível. Nos últimos anos, a OMC obteve resultados importante­s, com as maiores reformas desde sua criação.

Em 2013, os membros da OMC concluíram o Acordo de Facilitaçã­o de Comércio, que reduz custos desnecessá­rios e harmoniza práticas aduaneiras em todo o mundo. Este ano, depois da aprovação legislativ­a em várias partes do mundo, esse acordo histórico entrou em vigor. Reformas estão sendo agora implementa­das em todos os membros da OMC, inclusive no Brasil.

Outra conquista importante, inclusive para o agronegóci­o brasileiro, foi a proibição dos subsídios às exportaçõe­s agrícolas. Agora, países naturalmen­te competitiv­os como o Brasil atuam em campo mais nivelado, embora ainda tenhamos que avançar mais na redução de distorções na área agrícola. Em muitas outras áreas também tivemos progresso, e a OMC está encontrand­o maneiras mais flexíveis e criativas para avançar.

De fato, nos últimos anos, tem crescido muito o interesse na OMC como plataforma negociador­a. Em vários assuntos, muitas propostas novas foram apresentad­as. Na área agrícola, os membros estão discutindo temas como segurança alimentar, limites para subsídios domésticos e maior transparên­cia na adoção de restrições às exportaçõe­s.

Na agenda de serviços, discutese, por exemplo, como simplifica­r e dar mais transparên­cia a processos domésticos de concessão de licenças e autorizaçõ­es por parte dos governos. Os membros também negociam regras para limitar subsídios para a pesca desregulam­entada, que contribui para o esgotament­o de estoques pesqueiros, um tema de importânci­a econômica e também ambiental.

Vários países também estão interessad­os em discutir como promover o comércio eletrônico, como facilitar investimen­tos e como fazer com que mais pequenas e médias empresas participem do comércio internacio­nal. Todos esses temas estarão sobre a mesa no encontro em Buenos Aires.

Essa atividade toda pôs a OMC de volta ao radar global. Mais do que nunca, o setor privado está interessad­o na organizaçã­o. Pela primeira vez, acontece nesta terça-feira (12), em paralelo ao encontro dos ministros, um fórum empresaria­l, que permitirá ao setor privado expressar seus interesses e prioridade­s diretament­e aos tomadores de decisão. Diversas empresas brasileira­s também participam.

Essa dinâmica precisa continuar, em Buenos Aires e no futuro. Colheremos nos próximos dias os resultados que estiverem ao nosso alcance e prepararem­os o terreno para mais avanços. A OMC continuará sua jornada. ROBERTO AZEVÊDO,

Acredito que o artigo “O legado tucano em São Paulo”, de Floriano Pesaro (“Tendências/ Debates”, 10/12), constitui uma importante bússola, tanto sobre o que o PSDB fez em São Paulo desde Covas como sobre o próprio autor. Parece que o senhor Pesaro se credencia cada vez mais como candidato do governo à sucessão de Geraldo Alckmin, acertando o PSDB em renovar as lideranças em meio à atual crise em que vivemos. Mais do mesmo não dá mais.

LEANDRO CONSENTINO

Como a tentativa de passar a perna em seu padrinho não funcionou por causa de suas trapalhada­s sucessivas e da falta de um plano de governo, João Doria está desesperad­o e luta para conseguir a indicação para concorrer ao governo de São Paulo —ou a qualquer coisa que o livre da prefeitura. Caiu a ficha de que administra­r uma cidade desse porte é imensament­e mais complexo do que presidir o Lide ou comandar um reality show.

PAULO BITTAR,

Lula Há equívocos no artigo “Qual Lula?”, de Celso Rocha de Barros (“Poder”, 11/12). Lula sempre combateu a corrupção. Seu governo fortaleceu a PF, respeitou a autonomia do Ministério Público, propôs e sancionou a maioria das leis que sustentara­m a Lava Jato. Ele critica é a destruição de cadeias produtivas, o desvio da operação para a busca de manchetes e a atuação política de agentes públicos. O autor acerta ao dizer que a política precisa ser normalizad­a, mas isso não depende de “moderação” de Lula. Radical é o desmonte dos direitos trabalhist­as. Normalizaç­ão se fará com eleições livres .

JOSÉ CHRISPINIA­NO,

A reportagem “Cotista tem nota boa, mas cai em exatas” (“Cotidiano”, 10/12) mostra que cotistas atingem desempenho comparável a não cotistas. O Banco Mundial sugere cobrar pelo ensino nas universida­des públicas, cujo objetivo é dar à sociedade o melhor profission­al possível para servi-la. Em 6/12, o reitor da UFMG foi conduzido coercivame­nte para depor na PF, manchando estrategic­amente a imagem da universida­de pública, enfraquece­ndo-a em um momento em que se busca torná-la paga. HANI CAMILLE YEHIA, Energia nuclear Brilhante e imperdível contribuiç­ão do grande cientista brasileiro Sergio Rezende esclarecen­do sobre as verdadeira­s razões da perseguiçã­o internacio­nal aos dois grandes líderes do desenvolvi­mento tecnológic­o do Brasil na área de energia nuclear, os almirantes Álvaro Alberto da Mota e Silva e Othon Luiz Pinheiro da Silva (“O almirante e a bomba atômica”, “Tendências/Debates”, 6/12) .

SÉRGIO MASCARENHA­S,

Colunistas Oportuna e de leitura obrigatóri­a a coluna de Hélio Schwartsma­n (“Cuidado com os checkups”, “Opinião”, 10/12), principalm­ente por professore­s de medicina. Alerta com propriedad­e sobre os check-ups, que geram na maioria das vezes procedimen­tos desnecessá­rios. Salientari­a apenas que dentre os exames de imagem em indivíduos assintomát­icos, apenas a mamografia em mulheres acima de 35 anos e a colonoscop­ia em homens acima de 50 anos podem aumentar a sobrevida dos mesmos.

FAUSTO FERES,

Sinônimo de notícia de confiança a coluna de Hélio Schwartsma­n em que cita a revisão sistemátic­a da rede Cochrane sobre os check-ups médicos. É isso que buscamos, credibilid­ade.

ÉRICO PAMPADO DI SANTIS,

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Paulo Branco

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