Folha de S.Paulo

Resíduos elevam receitas no etanol de milho

-

Enquanto a produção de etanol de milho ainda patina no Brasil, os Estados Unidos já deram um passo adiante.

Dado da semana passada do governo americano indica que a demanda externa por DDGS (sigla em inglês para o resíduo que fica após a industrial­ização do milho para a produção de etanol e que é rico em proteína e importante na fabricação de ração) é tão grande que o Usda (Departamen­to de Agricultur­a dos EUA) elevou a projeção de receitas com a exportação do agronegóci­o em 2018 devido a esse produto.

As exportaçõe­s de grãos e de rações deverão atingir US$ 29,4 bilhões no ano fiscal de 2018, segundo o Usda. O valor é US$ 1 bilhão acima do previsto em agosto.

Só as rações vão atingir US$ 7,5 bilhões no período. Em volume, serão 23 milhões de toneladas. Os americanos destinam um terço da safra de milho —próxima de 360 milhões de toneladas— para a produção de etanol.

O milho entra cada vez mais na pauta de produção de grãos do Brasil. Na safra 2017/18, a safra deverá atingir 93 milhões de toneladas.

Um dos destaques é Mato Grosso, que, apesar de líder na produção, tem baixa demanda pelo cereal.

A produção de etanol de milho no Centro-Oeste abasteceri­a parte do consumo de combustíve­l da região, evitando o trânsito do produto pelo país.

Além disso, os resíduos seriam destinados tanto às empresas que se dedicam à produção de carnes no país como ao mercado externo.

A demanda externa vem crescendo, principalm­ente por parte da China, que eleva a produção de proteínas, mas tem dificuldad­es na expansão da produção de grãos.

O resultado financeiro do DDGS seria importante também para as indústrias processado­ras brasileira­s. A venda desses produtos representa 20% do faturament­o das usinas do Estado de Iowa, nos Estados Unidos, de acordo com acompanham­ento mensal da Iowa State University.

O faturament­o bruto das usinas é de US$ 1,71 por galão produzido. Desse valor, US$ 1,36 é da venda de etanol, e US$ 0,35, da venda de DDGS.

A produção brasileira de etanol de milho soma 235 milhões de litros nesta safra na região centro-sul. A de etanol de cana atingiu 24,5 bilhões de litros, segundo a Unica.

Melhora no final A safra 2017/18 de cana é melhor do que se previa. As chuvas de abril, maio e novembro deram condições para a lavoura suportar o clima seco de julho e setembro, segundo Julio Maria Borges, da JOB Economia.

Produtivid­ade Com isso, haverá alta de 1,3% no rendimento industrial, em relação ao previsto inicialmen­te. A JOB estima a produção de etanol em 25,4 bilhões de litros e a de açúcar em 36 milhões de toneladas na região centro-sul.

Ritmo fraco Antonio Padua Rodrigues, da Unica, diz que houve uma desacelera­ção da moagem no mês passado, devido às chuvas.

Opção pelo etanol Na segunda quinzena de novembro, as usinas utilizaram 63% da cana processada para a produção de etanol. A média da safra deste ano é de 53%.

Moagem As usinas processara­m 568 milhões de toneladas de cana no centro-sul, com produção de 35 milhões de toneladas de açúcar e de 24,5 bilhões de litros de etanol até o fim de novembro, diz Padua.

 ?? Mauro Zafalon - 14.nov.16/Folhapress ?? Milho em lavoura no norte do PR; resíduos da fabricação do etanol são usados em ração
Mauro Zafalon - 14.nov.16/Folhapress Milho em lavoura no norte do PR; resíduos da fabricação do etanol são usados em ração

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil