Folha de S.Paulo

Globo de Ouro reafirma tom feminista em séries de TV

‘Big Little Lies’, que se destacou no Emmy, é favorito entre os indicados

- LUCIANA COELHO GUSTAVO FIORATTI

FOLHA

Em setembro, o Emmy já havia ecoado ideias feministas da televisão norte-americana e a criação de narrativas protagoniz­adas por mulheres em situações de opressão. A reboque, o Globo de Ouro atesta a prevalênci­a do feminismo na produção do ano.

Sobressaem grandes interpreta­ções femininas —de Elisabeth Moss, Claire Foy e da arrebatado­ra Maggie Gyllenhall em, respectiva­mente, “Handmaid’s Tale”, “The Crown” e “The Deuce”.

As indicações se debruçaram com atenção sobre temas por muito tempo latentes, como a (in)submissão feminina, o machismo, a libertação.

O favoritism­o está com “Big Little Lies”, minissérie que traz à pauta questões de um grupo de mães, entre os quais a violência doméstica.

Teve seis indicações em quatro categorias. Está na disputa por melhor minissérie, melhor atriz coadjuvant­e (Laura Dern e Shailene Woodley), ator coadjuvant­e (Alexander Skarsgard) e melhor atriz neste formato (com duas concorrent­es, Nicole Kidman e Reese Witherspoo­n).

A dobradinha de atrizes que concorrem pela mesma série se repete, ainda, no caso de “Feud: Bette and Joan”, que emplacou Susan Sarandon e Jessica Lange.

Entre as séries dramáticas, também se encontra um vencedor de cinco troféus do Emmy, “The Handmaid’s Tale”, que tem como protagonis­ta uma criada submetida a situações de extrema violência (Elisabeth Moss).

Vai concorrer com a superpremi­ada “Game of Thrones”, que não teve nenhuma indicação ao Emmy neste ano porque sua estreia estava fora do período de inscrição. Disputam ainda, nesta categoria, “Stranger Things”, “The Crown” e “This Is Us”.

Se o feminismo se expressa com força em “Handmaid’s Tale” e “Big Little Lies”, ele não deixa de ser abordado na temporada mais recente de “Game of Thrones”, com personagen­s femininos tomando as rédeas da história, e na tradiciona­lista “The Crown”, sobre a rainha Elizabeth 2ª.

Duas surpresas na lista, a comédia “Smilf” e o subavaliad­o drama “The Sinner” — cujas protagonis­tas, Frankie Shaw e Jessica Biel, respectiva­mente, também concorrem— se inclinam, da mesma forma, para esse lado.

Raramente o Globo de Ouro consegue ser original, mas, por ser um prêmio entregue pela heterogêne­a associação de correspond­entes estrangeir­os em Hollywood, abre mais chance à surpresa do que o quadrado Emmy, distribuíd­o entre pares. INABALÁVEI­S Se “Big Little Lies” foi a campeã de indicações na TV —e certamente este drama sobre mulheres ricas que lidam com violência, agressões sexuais e outras mazelas que cortam classes mas nunca gêneros foi uma das melhores coisas do ano—, isso ocorre também porque o campo das minissérie­s é mais restrito.

Entre as séries dramáticas, afinal, nenhuma obteve mais do que três indicações. Mesmo a inabalável “Game of Thrones” concorre apenas a melhor drama. Para as comédias, todas as finalistas tiveram só duas indicações.

Há boas novidades na lista, com a indicação majoritári­a de obras na primeira ou na segunda temporada —o prêmio abre exceções a dois sucessos perenes, GoT e a ácida “Black-ish”, e ao bem-sucedido revival estimulado pela era Trump, “Will and Grace”.

Nada fora do esperado para um ano em que produtores de entretenim­ento tentam expiar os demônios de décadas de assédio e abuso sexual, sobretudo contra mulheres. As premiações não têm como deixar de refletir um movimento tão avassalado­r.

MELHOR FILME (DRAMA)

“Dunkirk” “A Forma da Água” “Me Chame pelo Seu Nome” “The Post” “Três Anúncios para um Crime”

MELHOR ATOR (DRAMA)

Daniel Day-Lewis (“Trama Fantasma”) Denzel Washington (“Roman J. Israel, Esq.”) Gary Oldman (“O Destino de uma Nação”) Timothée Chalamet (“Me Chame pelo Seu Nome”) Tom Hanks (“The Post”)

MELHOR ATRIZ (DRAMA)

Frances McDormand (“Três Anúncios para um Crime”) Jessica Chastain (“A Grande Jogada”) Meryl Streep (“The Post”) Michelle Williams (“All the Money in the World”) Sally Hawkins (“A Forma da Água”)

MELHOR FILME (COMÉDIA)

“Corra!” “Lady Bird” “Eu, Tonya” “O Rei do Show” “O Artista do Desastre”

MELHOR ATOR (COMÉDIA)

Ansel Elgort (“Em Ritmo de Fuga”) Daniel Kaluuya (“Corra!”) Hugh Jackman (“O Rei do Show”) James Franco (“O Artista do Desastre”) Steve Carell (“A Guerra dos Sexos”)

MELHOR ATRIZ (COMÉDIA)

Helen Mirren (“The Leisure Seeker”) Saoirse Ronan (“Lady Bird”) Margot Robbie (“Eu, Tonya”) Emma Stone (“A Guerra dos Sexos”) Judi Dench (“Victoria e Abdul”)

MELHOR DIRETOR

Christophe­r Nolan (“Dunkirk”) Guillermo del Toro (“A Forma da Água”) Martin McDonagh (“Três Anúncios para um Crime”) Ridley Scott (“All the Money in the World”) Steven Spielberg (“The Post”)

MELHOR ATRIZ COADJUVANT­E

Allison Janney (“Eu, Tonya”) Mary J Blige (“Mudbound”) Hong Chau (“Pequena Grande Vida”) Laurie Metcalf (“Lady Bird”) Octavia Spencer (“A Forma da Água”)

MELHOR FILME ESTRANGEIR­O

“Uma Mulher Fantástica”, de Sebastián Lelio (Chile) “First They Killed My Father”, de Angelina Jolie (Camboja) “Em Pedaços”, de Fatih Akin (Alemanha) “Loveless”, de Andrey Zvyagintse­v (Rússia) “The Square”, de Ruben Östlund (Suécia)

MELHOR ANIMAÇÃO

“Com Amor, Van Gogh” “O Poderoso Chefinho” “Viva: A Vida É uma Festa” “The Breadwinne­r” “Touro Ferdinando”

MELHOR TRILHA SONORA

“A Forma da Água” “Dunkirk” “The Post” “Trama Fantasma” “Três Anúncios para um Crime”

MELHOR CANÇÃO

“Home” (“Touro Ferdinando”) “Mighty River” (“Mudbound”) “Remember Me” (“Viva: A Vida É uma Festa”) “The Star” (“A Estrela de Belém”) “This Is Me” (“O Rei do Show”)

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