Folha de S.Paulo

Faculdades preparam demissões após corte em massa da Estácio

Metodista desligou 50 professore­s; Anhembi Morumbi e Mackenzie também farão dispensas

- JOANA CUNHA FILIPE OLIVEIRA

Para universida­des, movimento é natural no fim do ano; sindicatos atribuem cortes à reforma trabalhist­a

Após a demissão de 1.200 professore­s anunciada pela Estácio no início deste mês, outras instituiçõ­es de ensino superior dispensara­m dezenas de docentes ou preparam cortes para os próximos dias.

A Metodista mandou embora cerca de 50 professore­s, conforme cálculos do SinproABC (sindicato do ABC), que relata atrasos nos salários e no 13° desde 2015. A escola não quis comentar.

Na semana passada, a Cásper Líbero desligou 13.

“Com aproximada­mente 90 docentes, em janeiro já temos programado o processo seletivo para reposição das vagas”, diz a Cásper em nota.

Mais cortes estão sendo discutidos com sindicatos. A Laureate, dona da Anhembi Morumbi, se reúne na terça (19), segundo a Fepesp (Federação dos Professore­s do Estado de São Paulo).

“O que eles estão garantindo é que farão o mínimo possível de demissões e de estrago na remuneraçã­o dos professore­s”, diz Celso Napolitano, presidente da Fepesp.

A Anhembi Morumbi afirma que as instituiçõ­es de ensino superior alteram o quadro de docentes no encerramen­to de cada semestre letivo em razão de um “ciclo natural do segmento”.

É comum que os cortes ocorram em dezembro devido a convenções coletivas da categoria que restringem as demissões no resto do ano. Mas o movimento se aprofundou, segundo sindicatos.

“As instituiçõ­es alegam que é a crise, mas a gente pensa que é a reforma trabalhist­a”, diz José Maggio, presidente do Sinpro ABC.

“Estourou mais forte agora porque estão reestrutur­ando custos”, diz Napolitano.

O número exato de demissões em cada escola deve ser divulgado nas assembleia­s que ocorrerão nesta semana.

“Estão aproveitan­do a nova lei. Não acredito que vão usar o trabalho intermiten­te. Acho que o objetivo é trocar quem ganha mais por outros que ganhem menos ou reduzir carga horária para cortar custos”, afirma Napolitano.

Silvia Barbara, diretora do Sinpro-SP (sindicato de São Paulo), atribui as demissões à redução do Fies e ao avanço do ensino à distância. “As instituiçõ­es tiveram um ciclo de expansão grande devido ao financiame­nto público, em especial desde 2010. Após 2014, os financiame­ntos ficaram mais restritos, e as instituiçõ­es estão buscando manter suas margens de lucro”, afirma Barbara.

Os sindicatos estimam que o Mackenzie anunciará perto de cem demissões. Em nota, a instituiçã­o diz que implemento­unovosproj­etospedagó­gicos “cujas matrizes curricular­es foram atualizada­s para vigorar a partir do primeiro semestre de 2018”.

Alunos se sentem lesados. No caso da Metodista, fizeram protesto. “Minha pesquisa estava sendo encaminhad­a para a Fapesp quando aconteceu isso e fiquei sem a orientador­a. Como eles vão substitui-la por um professor que não tem a mesma linha de pesquisa?”, diz Melissa Galdino, aluna de jornalismo.

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