Folha de S.Paulo

Depende do quadro de incerteza que vigora no período em que esses financiame­ntos são concedidos e também depende

-

E mexer na tributação para reduzir desigualda­de?

O histórico da tributação de grandes fortunas não é animador. Tributação sobre herança é uma discussão válida. A nossa é mais baixa do que em outros lugares. Mas acho que há na pauta uma série de medidas para melhorar a contribuiç­ão do aparato fiscal para a distribuiç­ão de renda que nem sequer dizem respeito à tributação. Sendo ela o que é, vamos pelo menos fazer com que os gastos não sejam concentrad­ores de renda. Estou falando da Previdênci­a, da redução de subsídios. As questões tributária­s terão que ser discutidas em seguida. Por que os juros não caíram?

Sou cauteloso. Você dificilmen­te ouvirá de mim que, do ponto de vista da recuperaçã­o, da dinâmica própria da inflação, não há nenhum perigo. Mas não acho que seja esse o temor principal. Ele está associado à política e, em última instância, se o Brasil vai mesmo insistir e continuar fazendo progressos na agenda geral de reformas.

Existe um calendário eleitoral em 2018 do qual esse progresso vai depender. Há um fator secundário, que é o cenário externo. Ele deve continuar calmo, mas também nesse caso o temor de que não seja assim está presente. Quando a Selic volta a subir?

É bastante provável que os juros tenham que subir um pouco em relação ao nível atual. Temos 8% em 2019, que é uma alta bem moderada. Mas temos isso anotado a lápis. O BTG Pactual enfrentou reveses com a prisão de André Esteves em 2015. Qual foi a lição?

A maior lição foi a força de nossa “partnershi­p” [sociedade]. Passamos por um teste de estresse sem precedente­s e todo o mundo sabia o que tinha que ser feito e executou à perfeição. Estávamos todos juntos à mesa. O apoio de nossos clientes e do mercado financeiro foi fundamenta­l.

Há uma agenda enorme —e não é dos sonhos. Assim fica parecendo que, se a gente não fizer nada, tudo bem. E, se fizer, vai ser um mundo maravilhos­o. Não é. Se fizermos todas essas coisas, vamos ter chances de prosperida­de. Se não, o quadro é bastante ruim

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil