Folha de S.Paulo

Banimento de Del Nero embaralha sucessão

Dirigentes de federações se articulam para definir candidatos à presidênci­a da CBF

- SERGIO RANGEL

Com o banimento de Marco Polo Del Nero por 90 dias pela Fifa, a eleição da CBF fica em aberto. Desde sexta (15), quando foi anunciada a pena do cartola, dirigentes de federações começaram a articular alianças para viabilizar candidatos.

Substituto de Del Nero, Antonio Carlos Nunes, 79, vai tentar concorrer. Ex-presidente da Federação Paraense, coronel Nunes, como gosta de ser chamado, terá o poder no começo do ano e vai trabalhar para ser candidato. Ele é o vice da CBF e assumiu o cargo por ser o mais velho.

Pelo estatuto da CBF, a idade define a linha sucessória.

Embora declarem que não vão vão concorrer, Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista, e Ednaldo Rodrigues, que comanda o futebol na Bahia, são apontados como virtuais candidatos por integrante­s do colégio eleitoral ouvidos pela Folha.

Na eleição, os 27 presidente­s de federações e os 40 clubes da Séries A e B vão votar.

As federações são maioria. Em março, a CBF mudou o peso dos votos para favorecer os seus aliados. Pela nova regra, o voto de cada uma das 27 federações terá peso três. Os times da Série A terão peso dois em cada voto. Os da Série B ficaram com peso um.

No total, os cartolas estaduais terão 81 votos contra 60 dos clubes.

Presidente­s de times também poderão ser candidatos. Até agora, nenhum declarou que pretende concorrer.

Pelos planos de Del Nero, a eleição seria realizada em abril. Se não fosse banido pela Fifa provisoria­mente, o dirigente dificilmen­te enfrentari­a um candidato no pleito.

Ele queria garantir a sua reeleição antes da Copa do Mundo da Rússia. Ele avaliava que uma derrota do time comandado por Tite no Mundial de 2018 poderia atrapalhá-lo. Pelo estatuto da CBF, a eleição pode ser realizada até um ano antes do final do mandato do presidente, que se encerra em abril de 2019.

Se a punição for confirmada pelo Comitê de Ética da Fifa, Del Nero tentará fazer nos bastidores seu sucessor. Rogério Caboclo, diretor Executivo de Gestão, é o preferido.

Mas Caboclo não tem prestígio com os cartolas. Homem de confiança do presidente da CBF, ele serve como um escudo para Del Nero e muitas vezes contraria os interesses dos dirigentes de federações.

No dia 4, Del Nero tentou aproximar Caboclo dos eleitores. Ao anunciar que a CBF pagaria a viagem de todos os presidente­s de federações para a Rússia, disse que a ideia teria sido de Caboclo.

O banimento provisório de Del Nero foi interpreta­do por aliados do presidente da CBF como uma resposta da Fifa ao judiciário dos EUA. Neste mês, José Maria Marin, antecessor de Del Nero, é julgado por extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro.

Del Nero é acusado pelos promotores norte-americanos dos mesmos crimes. Apesar de a punição não ser definitiva, seus aliados acham difícil a Fifa absolvê-lo.

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Sergio Moraes - 17.set.2015/Reuters Del Nero queria realizar eleição na CBF em abril de 2018

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