Organizadores de corrida investem mais em estrutura
Empresas com foco em competições de rua compram equipamentos para cortar despesas com fornecedores
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Empreendedor precisa criar uma rede de relacionamentos para achar patrocinadores, diz especialista FOLHA
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A corrida de rua ganha espaço em São Paulo. Foram autorizados 137 eventos do tipo de janeiro a novembro na capital, segundo a prefeitura. Aumentam os praticantes e também o número de empreendedores que percebem a oportunidade de faturar nesse mercado em ascensão.
É o caso da paulista Iguana Sports, que oferece várias modalidades de corrida, como a feminina, a noturna, a meia maratona e a maratona.
“É preciso oferecer provas para diferentes aspirações de experiência. há quem prefira correr à noite porque tem menos desgaste”, diz Eliane Verderio, sócia da empresa.
A organização de eventos de corrida envolve várias frentes. Para diminuir despesas com fornecedores e riscos, empresas da área investem na própria estrutura.
Hoje, a Iguana tem quatro caminhões e uma carreta para transportar os equipamentos. Neste ano, comprou as grades usadas para delimitar a área da corrida. Foram gastos R$ 200 mil, mas é a forma, segundo Verderio, de reduzir despesas e aumentar as funções do centro de operações
217
287 que organiza as provas.
“Tem muita empresa entrando nesse mercado, mas não é simples. Cuidamos não apenas da parte burocrática, precisamos oferecer segurança. Já tivemos caso de corredor que enfartou na prova e que teve queda grave. Imagine isso sem um suporte.”
Por essa razão, a empresária crê que haverá em breve a consolidação do mercado, com fusões e aquisições.
Com R$ 18 milhões de faturamento em 2017, a Iguana teve queda em relação ao ano passado, mas espera voltar aos R$ 21 milhões em 2018. Para isso, a sócia pretende investir em novas oportunidades de negócios relacionadas a esse mesmo público.
Na X3M, do Rio, o investimento em estrutura também é grande. São três carretas, boxes e grades próprios para evitar o desperdício de recursos, segundo o proprietário, Bernardo Fonseca.
Neste ano, a empresa deve movimentar R$ 25 milhões: 30% da receita vem das inscrições nas provas e o restante, de patrocínios e de toda a parte comercial.
Para não ser ameaçado pela nova concorrência, é preciso investir em novidades, diz Fonseca. “A criatividade precisa funcionar o tempo todo. Do contrário você não consegue reinventar os produtos e manter-se atraente para os corredores”, diz.
A primeira prova organizada pela X3M, há 14 anos, foi o XTerra, evento de esportes 323 424 outdoor que acontece em 50 países. Apaixonado por esportes, Fonseca trocou o mercado financeiro pela vida de empreendedor de corridas.
“São eventos no país inteiro, com legislações estaduais e municipais completamente diferentes. Quase um ano antes começamos a fazer o gerenciamento de uma competição. Imagine o que é organizar uma maratona que passa por três cidades”, diz. SATURAÇÃO Segundo Clarisse Setyon, professora do curso de marketing esportivo da ESPM, o mercado paulistano está saturado em oferta de organizadores de corridas, por isso é preciso buscar oportunidades em outros mercados. Para a estudiosa, a parte difícil é a busca de patrocinadores.
“O empreendedor precisa entender o que está sendo feito de certo e de errado pelos concorrentes, inclusive participando das provas desses players de mercado”, sugere.
Fabiano Nagamatsu, consultor do Sebrae-SP, alerta que não basta ter recursos e ser um atleta amador para entrar no mercado de organização de corridas. É preciso ter uma rede de relacionamentos nesse segmento para saber onde procurar potenciais patrocinadores e parceiros.
“Além disso, é fundamental pensar em eventos com algum diferencial para atrair o público-alvo. Não adianta oferecer mais do mesmo”, afirma Nagamatsu.