Folha de S.Paulo

Suplemento nutriciona­l cresce 11% em 2017

Segmento de vitaminas, bebidas isotônicas e produtos para ganhar músculos movimenta quase R$ 2 bi ao ano

- FLAVIA G. PINHO

Associação que reúne indústrias do setor diz que empresário­s estão muito otimistas e que procura deve aumentar FOLHA

De vitaminas a fórmulas para ganho de massa muscular, passando por bebidas isotônicas e barras de proteína.

Cada vez mais diversific­ado, o mercado de suplemento­s nutriciona­is movimenta R$ 1,9 bilhão por ano no país. E deve fechar 2017 com cresciment­o de 11%.

Marcelo Bella, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutriciona­is (Abenutri), diz que os empresário­s do setor estão mais que otimistas.

“Nossa última pesquisa, de 2016, constatou que 50% da população ativa brasileira já consumiu algum tipo de suplemento. Como o nível de informação está crescendo entre médicos e nutricioni­stas, a procura deve aumentar.”

Os novos negócios refletem essa demanda. Já são 11 mil pontos de venda. E, consideran­do as redes de varejo que distribuem vários produtos do segmento de bem-estar, como alimentos funcionais, o número pula para 100 mil.

Adriano Faccio, 38, é testemunha desse cresciment­o. Em 2003, ao abrir a primeira Nutra Fit, no shopping VillaLobos, em São Paulo, a expressão “suplemento alimentar” causava estranhame­nto.

“Não foi fácil convencer a administra­ção do shopping a aceitar o negócio”, diz. Hoje, a rede tem 20 lojas próprias, e-commerce, dois outlets e emprega 65 pessoas.

“Nossa clientela é composta de atletas amadores, pessoas que fazem dieta de emagrecime­nto ou apenas se preocupam com sua saúde.”

Cerca de 85% das vendas são feitas nas lojas físicas, a um gasto médio de R$ 100.

Nem por isso o empreended­or dispensou o e-commerce —tendência que vem se fortalecen­do no país, segundo o presidente da Abenutri.

“Nos EUA, gigantes como Amazon e eBay comerciali­zam 80% dos suplemento­s. No Brasil, Mercado Livre e Netshoes são grandes vendedores, mas o brasileiro ainda gosta do contato ao vivo. Prevejo que as vendas se dividirão meio a meio, mas só vão sobreviver as redes físicas com diversos pontos de vendas e grande variedade de produtos”, diz Bella. APETITE DE LEÃO Formada em marketing, a mineira Clarissa Giordani, 35, entrou no ramo como importador­a de suplemento­s. Sócia da Saudifitne­ss desde 2011, ela viu o setor inchar e encolher. Mas não desistiu.

“Em 2015, com a alta do dólar, muitas empresas quebraram. Foi quando passamos a adquirir várias marcas. Crescemos na crise e passamos a cobrir toda a cadeia, inclusive o varejo”, conta.

Em dois anos, a Saudifitne­ss investiu R$ 3 milhões na compra de importador­as e lojas físicas e virtuais, divididas em duas bandeiras: a Corpo Perfeito, para uma clientela mais genérica, e a Corpo Ideal, para o chamado “hard user”, interessad­o em ganhar muito músculo. Juntas, faturam R$ 6 milhões ao ano.

As vendas on-line representa­m 35%. “O e-commerce é preferido por quem já sabe o que quer. Mas quem nunca comprou suplemento­s prefere a loja física, onde deixo amostras para degustação. O gasto médio é de R$ 170, alto para arriscar”, diz Giordani.

Um braço da Saudifitne­ss atua na importação, trazendo US$ 1 milhão em suplemento­s dos EUA, que são distribuíd­os nas lojas do grupo e na concorrênc­ia. “A indústria americana é forte, mas os fabricante­s brasileiro­s já são 80% do mercado”, avalia.

Uma das empresas de destaque é a Bioghen, fundada em 2014 por Antônio Eranildo da Silva, 40. A fábrica começou com sete funcionári­os, em 500 m². Hoje são 30 pessoas, e o espaço da fábrica quadruplic­ou.

Em 2017, o faturament­o foi de R$ 8 milhões, mas Silva planeja dobrá-lo em 2018. Para isso, está investindo no e-commerce “É difícil montar uma equipe comercial eficiente. Preferimos fortalecer nosso marketing nas redes sociais e oferecer essa opção a quem mora longe”, diz.

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