Folha de S.Paulo

Times de futebol americano encontram terreno no ABC

- FLÁVIA G. PINHO

FOLHA

Todo domingo à tarde, o campinho do CEU Meninos, na divisa entre São Caetano e São Paulo, é tomado por homens de armadura.

Eles são integrante­s do Blue Birds São Caetano, um dos muitos times de futebol americano que nasceram na região do ABC —também são de lá o Santo André Werewolves, o Diadema Storm e o ABC Corsários, entre outros.

Sob as ordens do treinador Robert Colker, 62, nascido em Atlanta (EUA), os atletas do Blue Birds trombam para disputar a bola. Calças recheadas com EVA, ombreiras e capacetes com grade frontal garantem a proteção deles.

O Blue Birds é adepto da modalidade “full pad”, em que os jogadores usam a armadura completa. Alguns de seus jogadores, porém, jogam também em outros times da modalidade “flag football”, que dispensa a proteção porque há menos contato.

É o caso do estudante de matemática Jorge Luiz Marafioti Junior, 24. Nas manhãs de domingo, ele treina com o time de “flag football” Green Reapers, no Parque Ana Brandão, em Santo André. À tarde, veste a armadura para treinar com o Blue Birds.

O primeiro contato dele com o esporte aconteceu em 2012, na Universida­de Federal do ABC, onde o Green Reapers foi fundado —em 2016, o time foi campeão da Liga Universitá­ria de Futebol Americano (Lufa). “Os times das faculdades estão tornando o esporte mais conhecido”, diz.

É comum, porém, que as esquadras ganhem vida própria e, com o tempo, se descolem das instituiçõ­es de ensino. Foi o que aconteceu com o Metodista Skulls, fundado pelos alunos da Universida­de Metodista de São Paulo, em São Bernardo. Hoje, o time é independen­te e treina no Parque da Juventude, na zona norte de São Paulo.

Estudante de engenharia de materiais da UFABC e presidente do Green Reapers, Felipe Arantes de Oliveira Santos, 22, arrisca um palpite para explicar o cresciment­o do esporte na região.

“Tem muitas praças e campos esportivos públicos por aqui. Quando os times treinam, a população acaba assistindo e fica curiosa”, diz.

A exibição na TV brasileira dos jogos da National Football League, principal liga americana, também ajuda a arregiment­ar fãs.

Um dos jogadores do Blue Birds, o professor de educação física Rodrigo Garrito, 29, vibra com a popularida­de que o esporte tem alcançado. “Antigament­e, a modalidade era vista como violenta. Mas isso está mudando, os equipament­os são eficientes.”

Para Robert Colker, falta disseminar a cultura do esporte entre os mais jovens. “Temos bons jogadores, mas eles começam tarde demais.”

Se depender do professor de educação física Claudio Telesca, essa realidade vai mudar. Por iniciativa do Sesc São Caetano, ele organiza clínicas de iniciação ao “flag football” nas escolas da rede municipal do ABC. “Ao todo, cerca de 400 alunos tiveram a chance de jogar pela primeira vez”, conta.

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Divulgação Blue Birds em jogo contra Corinthian­s Steamrolle­rs, em janeiro, no Centro de Treinament­o da Portuguesa, em São Paulo

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