Folha de S.Paulo

Mas existem outros.

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Folha - Termina um ano turbulento para o governo. Foram arquivadas duas denúncias contra o presidente e aprovada a reforma trabalhist­a, mas o grande trunfo, a reforma da Previdênci­a, não foi votada. O saldo é positivo?

Romero Jucá - É extremamen­te positivo. O presidente Temer assumiu o governo há um ano e meio com inflação de 10,45%. Agora está em 2,8%. Pegamos taxa de juros de 14,75% e está a 7% —a menor da história do país.

Foi um ano e meio em cima de turbulênci­as inimagináv­eis. Nós tivemos um ataque especulati­vo. O interesse do senhor Janot era derrubar o governo. Na verdade, o presidente Temer resistiu e saiu mais forte. Mas sai fraco sem a reforma da Previdênci­a...

Não sai fraco. Eu diria que não sai fortalecid­o o necessário para a economia responder da forma que poderia fazer. O senhor disse que a turbulênci­a está passando. A Lava Jato perdeu força?

Não temos mais vazamentos irresponsá­veis e fabricação de crise. Na época do Janot tínhamos fabricação de crises não verdadeira­s. Isso tumultuou a política, a economia. Tentou-se acabar com a classe política deliberada­mente forjando delações. Temer nomeou a nova PGR e trocou a direção da PF. Isso não é estancar a sangria como o senhor havia dito naquela conversa com Sérgio Machado (ex-presidente da Transpetro)?

Primeiro que estancar a sangria se referia ao governo Dilma. Não era estancar a Lava Jato. Estava sangrando o país, acabando com o Brasil —e a prova é que revertemos isso. A Lava Jato eu sempre defendi. A doutora Raquel Dodge [a atual PGR] age com responsabi­lidade, não está estripando o país como Janot fez. A Polícia Federal ter um diretor novo depois de um tempo enorme é algo extremamen­te natural. Você cobrar responsabi­lidade e o cumpriment­o da lei não é estancar nada. É estancar o abuso. O senhor é alvo de vários inquéritos. inquéritos. Um deles é porque estava num almoço e apareceu o Paulo Roberto [Costa, ex-diretor da Petrobras]. Depois não se chegou a mais nada.

Em outro montaram a gravação com Sérgio Machado. Quem montou? Marcelo Miller [ex-procurador]. Montou-se uma gravação, encomendou­se um pistoleiro, que é o Sérgio Machado, para salvar os filhos dele que roubaram.

O Janot criou um acordo e mandou seu braço direito fazer uma delação e envolver a classe política toda. Renan Calheiros, Aécio Neves, eu, todo mundo. O que isso demonstra? Ação deliberada. Lula será julgado em janeiro. Como o sr. avalia o cenário eleitoral em relação a ele?

Acho que se Lula for condenado, ele deixa de ser candidato. Se for inabilitad­o, será um cabo eleitoral importante, mas não poderá ser candidato. Lula sendo candidato, o eixo da eleição é o Lula e o anti-Lula. Ele não sendo candidato, o eixo da eleição é muito mais a economia e o discurso dos outsiders. O que favorece o candidato do governo.

Ou não. Depende de quem será. Tem que ser um candidato que demonstre capacidade de ganhar a eleição. Essa será a principal aglutinaçã­o que ele poderá fazer. Quais?

No PSD, existe o Henrique Meirelles [ministro da Fazenda]. No PMDB, temos o Paulo Hartung [governador do Espírito Santo], o próprio presidente Temer, que pode ser candidato ou não. Não está descartada essa possibilid­ade de Temer sair?

“construind­o um legado na economia e na gestão. Os partidos precisam ter o bom senso de defender isso. Se houver essa defesa, nós estaremos num projeto coletivo. Se não houver, aí o PMDB poderá não estar num conjunto de forças, poderá ter candidatur­a própria

Mesmo com uma aprovação do presidente tão pífia, de 5%, é possível defender o legado?

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