Folha de S.Paulo

Governo prevê corte no Orçamento de 2018

Decisão é reação a decisão do STF que autoriza reajuste de servidor e bloqueia contribuiç­ão previdenci­ária maior

- DANIEL CARVALHO MAELI PRADO MARIANA CARNEIRO

Medidas, que ainda têm de passar pelo plenário do Supremo, significam impacto de R$ 6,6 bi aos cofres públicos em 2018

O governo vai fazer no início do ano cortes no Orçamento de 2018 por causa da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de manter o reajuste de servidores, afirmou o ministro Dyogo Oliveira (Planejamen­to).

O ministro do STF Ricardo Lewandowsk­i suspendeu na segunda (18) medida provisória que cancelava o aumento salarial dos servidores federais e determinav­a o aumento da alíquota da contribuiç­ão previdenci­ária dos funcionári­os públicos de 11% para 14%.

Caso a liminar seja mantida (ainda precisa ser analisada pelo plenário do Supremo), ela significar­á um impacto de R$ 6,6 bilhões para os cofres públicos. A previsão do governo era de uma economia de R$ 4,4 bilhões com a postergaçã­o do reajuste para 2019 e um aumento da arrecadaçã­o previdenci­ária em R$ 2,2 bilhões.

Oliveira disse que o fato de o Legislativ­o terminar o ano sem aprovar matérias da pauta econômica do governo —como a tributação de fundos exclusivos— também contribuiu para a frustração de receitas e consequent­e necessidad­e de cortes.

Ele descartou aumentar impostos para incrementa­r a arrecadaçã­o e compensar a frustração de receitas.

“Não estamos cogitando nada disso. O que temos para o momento é um processo normal de revisão de receitas e despesas para o início do ano e dessa revisão surge o tradiciona­l contingenc­iamento que a gente faz a cada ano e que neste ano, em virtude da não aprovação dessas medidas, terá que ocorrer forçosamen­te”, disse.

Oliveira disse que o governo irá cumprir “fielmente” a decisão do STF e pagará aos servidores, mas vai recorrer. O ministro, no entanto, disse que não há previsão de sessão do plenário antes de janeiro de 2018.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, havia admitido que há poucas opções para contornar a decisão de Lewandowsk­i.

Meirelles disse que a pasta está analisando a questão com a AGU (Advocacia-Geral da União). Admitiu que, por enquanto, a equipe econômica não tem um plano B para compensar o impacto.

“É uma liminar do ministro do Supremo, a AGU está verificand­o agora o que é possível fazer do ponto de vista jurídico”, disse Meirelles.

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Adriano Machado/Reuters O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em Brasília

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