Folha de S.Paulo

Médicos e entidades veem redução de direitos na proposta

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Administra­doras de Benefícios] foi lá defender que a intermedia­ção barateia [os custos]. É claro que não, ela aumenta em 25% o preço. Como é que você vai pagar menos? Quem paga a intermedia­ção é o consumidor, não a operadora. Tudo o que, na minha opinião, agrega custo sem agregar valor, não é desejável.

DA EDITORIA DE TREINAMENT­O

Médicos e entidades de defesa do consumidor criticam os planos populares, uma das principais bandeiras do ministro da Saúde, Ricardo Barros. Para eles, as restrições de atendiment­o deixam os usuários desprotegi­dos e empurram para o SUS (Sistema Único de Saúde) procedimen­tos mais complexos, acumulando gastos para a rede pública.

Sonia Amaro, advogada da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), não vê vantagem no ingresso de pessoas que hoje se encontram fora da saúde suplementa­r através dos planos populares.

“Com a série de exclusões previstas, na prática, o plano popular vai significar o nãoatendim­ento”, afirma a advogada ao se referir a procedimen­tos como internação, exames de alta complexida­de e atendiment­o de urgência e emergência que ficaram de fora da proposta.

Waldir Araújo Cardoso, presidente da Federação Médica Brasileira, segue a mesma linha. “As pessoas aderem ao convênio médico atrás de cobertura na hora do sufoco. Isso eles estão dizendo, claramente, que os planos populares não vão oferecer.”

Para ele, defender o plano de saúde popular é tirar das operadoras a responsabi­lidade sobre o usuário. O modelo, em sua opinião, serviria apenas para dar lucro às seguradora­s.

“Elas estão interessad­as em ter uma regulament­ação que as exima, diante do judiciário, de garantir aquilo que elas prometem: a atenção à saúde”, afirma Cardoso. “Vão atentar contra a boa fé das pessoas que vão comprar gato por lebre.”

O presidente da Federação Médica Brasileira diz que, apesar do vínculo com a saúde suplementa­r, a tendência é que usuários dos planos acessíveis recorram à saúde pública. “Mesmo os planos convencion­ais já empurram para o SUS as patologias e os tratamento­s mais complexos. Isso é regra. Aquilo que é mais complicado, eles dificultam. A pessoa não tem opção”, afirma.

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Zanone Fraissat/Folhapress Helton Freitas, 52, presidente da Seguros Unimed

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