Folha de S.Paulo

Aliados temem que ida à África seja confundida com fuga

- CATIA SEABRA

que preso só pode ir quem cometeu um crime.

Esse [Deltan] Dallagnol [procurador] não tem tamanho para fazer o que ele está fazendo. Ele deveria ser exonerado a bem do serviço público]. Não é possível alguém ganhar tanto do Estado para contar a mentira que ele contou [referindo-se ao power point apresentad­o pelo MPF].

Depois do papelão do [exprocurad­or-geral da República Rodrigo] Janot com o Joesley [Batista, da JBS], está provado o que era aquilo.

Você não pode dar muito destaque a quem não tem biografia. [ergue a voz] Biografia exige respeito. E você conquista biografia com trabalho e não com mentira.

Se alguém está fazendo isso para que eu não seja presidente, que dispute uma eleição. Me derrotaram em 1989, eu fiquei quieto. Me derrotaram em 1994, eu fiquei quieto. Em 1998, eu fiquei quieto. Você me viu fazendo passeata de protesto? Não.

Mas o que eu não aceito é a construção de uma mentira. Não dá. Não dá.

Eu sei que tem gente que quer que eu seja preso. Tem gente que quer que eu morra antes. É um alívio, até para quem vai me julgar. ÓDIO O ódio que foi disseminad­o... eu vou pacificar esse país. Pode estar certa. As pessoas vão voltar a viver em harmonia. Da mesma forma que um corintiano e um palmeirens­e podem subir no mesmo elevador, um petista e um tucano podem subir, sem um morder o outro. Essa sociedade tem que voltar a ser alegre.

Essas pessoas que têm ódio porque outras ascenderam socialment­e precisam ser preparadas psicologic­amente para aceitar repartir 8,5 milhões de km², que é o tamanho desse país. Todo mundo tem o direito de ter as coisas. É isso que está em jogo. AÉCIO NEVES O [senador tucano] Aécio [Neves] está colhendo o que ele plantou. Ele plantou vento e está colhendo tempestade. Esse clima de ódio, de denuncismo, surgiu no processo da campanha [presidenci­al de 2014]. BOLSONARO [O deputado federal e précandida­to à Presidênci­a Jair] Bolsonaro vai até onde o povo quiser que ele vá. Eu sinceramen­te não vejo como você fazer uma campanha destilando ódio. A urna é um lugar de depositar esperança.

A política foi demonizada. Não é de graça. A demonizaçã­o da política tem interesses políticos. Quanto menos a sociedade acreditar na política, quanto mais ódio tiver, mais fascista será a sociedade. RADICAL Estão dizendo que vou ser mais radical. Eu não vou. Nem o radicalism­o fica bem em mim. Mas estou mais sabido. Sei de onde eu vim e para onde eu vou. E hoje tenho muito mais clareza disso.

Eu quero discutir por que o povo pobre tem que pagar mais imposto do que o povo rico. Por que não colocamos em prática o imposto sobre as grandes heranças no Brasil? Vamos mostrar as coisas boas que têm na Inglaterra, nos EUA. Não é de Cuba, não.

Não dá para falar só em distribuiç­ão de renda. Temos que introduzir [o tema da] distribuiç­ão de riqueza.

Quando eu falo de uma campanha mais ideologiza­da, é porque vamos ter que ser mais claros com o povo. Eu quero democratiz­ar os meios de comunicaçã­o. Não podemos aceitar o discurso do João Roberto Marinho [do Grupo Globo], “o único controle que eu aceito é o do controle remoto”. GOL O que tenho dito? Eu não preciso ser candidato para fazer o que eu já fiz. O gol que eu já fiz, eu já fiz. Eu quero fazer outro.

Petistas têm ponderado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a oportunida­de de uma viagem internacio­nal programada para 26 de janeiro, apenas dois dias depois de seu julgamento pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

Há pouco mais de um mês, Lula confirmou sua presença em um debate na cidade de Adis Abeba, na Etiópia, sobre ações de combate à fome. A previsão é que Lula passe dois dias na África, 26 e 27 de janeiro.

A confirmaçã­o aconteceu antes de o tribunal marcar para o dia 24 o julgamento do

a viver em harmonia. Da mesma forma que um corintiano e um palmeirens­e podem subir no mesmo elevador, um petista e um tucano podem subir, sem um morder o outro Eu sinceramen­te não vejo como você fazer uma campanha destilando ódio. A urna é um lugar de depositar esperança

recurso que apresentou contra sua condenação no caso do tríplex.

Embora a viagem tenha sido marcada com antecedênc­ia, petistas temem que adversário­s usem essa agenda para alimentar rumores de que Lula pretende deixar o Brasil em caso de condenação em segunda instância.

Dirigentes do PT receiam também que a iniciativa seja associada exclusivam­ente à FAO (Organizaçã­o das Nações Unidas para Alimentaçã­o e Agricultur­a), cujo diretor-geral, José Graziano, é amigo do ex-presidente Lula.

Segundo petistas, esse seria um desdobrame­nto de um encontro realizado em 2013 sobre segurança alimentar que foi organizado pela FAO, pelo Instituto Lula e pela União Africana. A aliados, Lula afirmou que informará a Justiça sobre esse compromiss­o no exterior.

Alguns petistas têm recomendad­o que o ex-presidente cancele a viagem para se poupar de desgastes. Mas, segundo colaborado­res, o compromiss­o está mantido.

Os defensores da viagem alegam que Lula já tem recusado convites para evitar repercussã­o negativa. E esse foi aceito por acontecer em janeiro, um mês considerad­o tranquilo no mundo político. A agenda seria ainda uma oportunida­de de difundir internacio­nalmente a tese da perseguiçã­o política.

Para alguns petistas, porém, a manutenção da viagem poderá provocar constrangi­mentos, com risco de retenção de passaporte a pedido da Justiça.

Aliados divergem também sobre a hipótese de Lula ir a Porto Alegre para assistir ao julgamento no TRF-4. Como sua presença não é obrigatóri­a, ele tem sido aconselhad­o a ficar em São Paulo para se poupar de possíveis contratemp­os na região Sul, onde é maior a rejeição ao ex-presidente.

Outros sugerem que Lula vá a Porto Alegre para participar das manifestaç­ões, mesmo que o volume de militantes fique aquém das expectativ­as.

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