Folha de S.Paulo

39% pelo caixa da prefeitura).

- FABRÍCIO LOBEL

A gestão João Doria (PSDB) mudará o sistema de remuneraçã­o de empresas de ônibus da cidade de São Paulo a partir de 2018. As empresas que conquistar­em os futuros contratos com a prefeitura serão pagas com base em um cálculo complexo que leva em conta os custos das empresas, o cumpriment­o de viagens programada­s, a opinião dos usuários do sistema e até a redução no número de acidentes.

Desde o mandato de Marta Suplicy (na época PT, hoje MDB), o pagamento às empresas é baseado no número de passageiro­s transporta­dos.

O novo modelo estava em discussão desde o início do ano e, em junho, recebeu o apoio da entidade que representa as empresas de ônibus.

As regras dos novos contratos serão apresentad­as nesta quinta-feira (21), num edital de cerca de 39 mil páginas que serão publicadas no “Diário Oficial” do município.

Além das mudanças nas regras de pagamento às empresas, o edital muda também a distribuiç­ão dos ônibus na cidade. Atualmente, há dois sistemas, o local (composto pelas antigas cooperativ­as de vans e peruas que atua nos bairros) e o estrutural (formado pelos grandes veículos que ligam regiões mais distantes).

O novo edital trará um terceiro sistema de veículos, chamado de “articulaçã­o regio- nal”, que será a ligação entre o trânsito local dos bairros e os grandes corredores.

Esta proposta havia sido feita pela gestão Fernando Haddad (PT) na tentativa de licitar o sistema em 2015. A licitação não vingou por diversos questionam­entos do Tribunal de Contas do Município.

Desde 2013, a prefeitura vem estendendo anualmente os contratos licitados em 2003. A partir de julho de 2018, não será mais possível renová-los. Por isso esse é o prazo para encerrar a licitação do edital liberado nesta quinta.

De janeiro a outubro deste ano, o sistema de ônibus na cidade custou R$ 6,6 bilhões (61% pago pelas passagens e O CÁLCULO O cálculo da remuneraçã­o inicialmen­te partirá da análise feita pela prefeitura dos custos das empresas a partir de quatro itens: salários (de motoristas e cobradores), despesas variáveis (combustíve­l, lubrifican­tes e pneus), despesas fixas (manutenção dos ônibus e operação da garagem) e as despesas para manter a frota reserva obrigatóri­a.

Sozinho, esse novo sistema proposto pode incentivar que as empresas de ônibus façam as viagens programada­s sem se preocupar se os passageiro­s estão sendo transporta­dos. Em última instância, o ônibus que rodasse vazio continuari­a sendo pago de acordo com o seu custo.

Para evitar esse problema, a Secretaria de Transporte­s firmou uma série de critérios que podem resultar em abatimento da remuneraçã­o das empresas. Entre elas estão principalm­ente o não cumpriment­o de viagens programada­s e o transporte de menos passageiro­s do que estimado.

Após os descontos feitos por esses dois critérios, entra a terceira fase do cálculo, que dará às empresas oportunida­de de minimizar suas perdas. Caso diminuam anualmente em 4% os acidentes com mortes, adiantem suas metas de renovação da frota com combustíve­l menos poluente, reduzam as falhas de manutenção e sejam bem avaliadas por usuários, as empresas poderão recuperar parte das perdas dos critérios operaciona­is.

Com esses cálculos a prefeitura diz que as empresas nunca conseguirã­o receber mais do que seus custos. A única hipótese em que isso ocorreria seria na distribuiç­ão de um “prêmio anual” para quem reduzir custos e aumentar a produtivid­ade de suas rotas.

Assim, se o sistema municipal de ônibus for mais econômico do que o previsto pela prefeitura, metade do saldo dessa economia será rateada entre as empresas que ajudaram na economia.

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Zanone Fraissat - 27.jan.2017/Folhapress Novas normas estão em edital lançado nesta quinta-feira (21) e definirão sistema de ônibus a partir de 2018 Movimentaç­ão de ônibus no terminal João Dias, zona sul de SP; licitação de transporte terá nova regra para pagamento

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