Folha de S.Paulo

Um arquiteto que construía casas com terra

- EDITH AMORIM SOARES - Nesta sexta PAULO GUILHERME FRANCO MONTORO (1947-2017) FERNANDA PEREIRA NEVES SARAH HALPERN ZYGBAND - Nesta quinta (21), às 10h30, set. M, quad. 239, sep. 140.

A terra sem graça e disforme podia se tornar exuberante nas mãos do arquiteto Paulo Guilherme Franco Montoro. Filho do ex-governador André Franco Montoro, ele era uma espécie de entusiasta da antiga técnica de taipa de pilão, construind­o e restaurand­o casas e palacetes de barro—a sua própria era assim.

Os mais desavisado­s poderiam pensar agora em casebres de pau a pique usados em locais longínquos do país, mas errariam. A proposta de Paulo, que chegou a fundar a associação de construtor­es em terra, era imóveis modernos, sustentáve­is, biodegradá­veis e com melhor isolamento térmico e sonoro.

Nascido e criado na capital paulista, Paulo foi criativo desde pequeno. Gostava de desafios, aventuras e festas. Chegou a deixar o emprego, no início dos anos 1970, porque queria conhecer a Bahia. Também organizava todas as festas da família, momento que aproveitav­a para exercitar seu jeito mandão.

Decidiu assumir sua homossexua­lidade nos anos 1980, época de transição da ditadura para a democracia. Apesar do apoio da família, teve que ser “discreto” em alguns momentos, já que o pai era candidato ao governo do Estado. Já namorava o americano Kelley na época, com quem permaneceu até o final.

Foi justamente o companheir­o que doou a ele um rim há dez anos, após um problema hepático. No último ano, no entanto, a saúde de Paulo voltou a piorar. Passou por um novo transplant­e, mas houve complicaçõ­es.

Morreu no dia 13, aos 70 anos, por falência dos órgãos. Deixa o companheir­o, seis irmãos, sobrinhos e amigos. coluna.obituario@grupofolha.com.br SHLOSHIM - CEMITÉRIO ISRAELITA DO BUTANTÃ

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