FOLHA VERÃO Esgoto ameaça praias no litoral norte de SP
Em Maresias, apesar de lançamento clandestino em rio que deságua no mar, Cetesb avalia local como próprio para banho
Em Ubatuba, a praia de Itaguá tem o único dos 97 pontos de avaliação da água na região considerado péssimo FOLHA,
Sem saber exatamente onde pisavam, o publicitário Maurício Sena Alves, 31, e sua namorada, Regina Dantas da Silveira, 28, recolhiam conchinhas num trecho da badalada praia de Maresias, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, a 191 km da capital.
Uma placa, não vista pelo casal, indicava a poluição no trecho onde o rio deságua no mar. “A água é tão limpinha que é difícil acreditar que jogam esgoto aqui”, afirmou Regina, que usaria as conchinhas em trabalhos artesanais.
Com despejo de esgoto clandestino, o litoral norte paulista tem pontos de praias ruins e péssimos, mas em sua maioria está em condição própria para banho, com avaliações boas e regulares, de acordo com levantamento realizado pela Folha.
Em Ilhabela, a praia de Itaquanduba teve ponto considerado ruim, assim como duas praias de Ubatuba (Picinguaba e Itaguá) e uma de São Sebastião (Prainha) —Caraguatatuba (também Prainha).
Todas elas pioraram a classificação em relação à balneabilidade de 2016, já que eram consideradas regulares.
Em Maresias, o trecho em que o casal pegava conchinhas está poluído com esgoto despejado clandestinamente no mar, numa região com um dos metros quadrados mais caros do país.
Segundo a Associação de Amigos Canto do Moreira, o rio no canto direito da praia, conhecido como Canto do Moreira, tem diversos pontos de descarga provenientes de casas simples, de médio padrão e de condomínios de luxo.
“Temos laudos que comprovam que os despejos ocorrem pelo menos desde 2008. Já fizemos diversas denúncias à prefeitura, mas nenhuma providência foi tomada”, diz Rony Figueiredo, presidente da entidade.
Um estudo, feito em julho por empresa contratada, identificou dez pontos comprovados de descarga de esgoto e outros 15 suspeitos.
Alguns dos canos de PVC são enterrados ou escondidos sob a vegetação para dificultar a fiscalização. “É lamentável que uma praia tão famosa esteja nessa situação. Pior que surfei o dia todo aqui e não sabia”, disse