Folha de S.Paulo

Serrapilhe­ira dará R$ 100 mil para 65 ideias

Primeiro instituto privado de fomento à pesquisa no Brasil anuncia nesta quinta (21) vencedores de seu primeiro edital

- FERNANDO TADEU MORAES

Seleção buscou escolher projetos ousados, que possam gerar grandes descoberta­s, não avanços incrementa­is

Compreende­r melhor o relógio biológico das plantas, administra­r remédios por meio de nanoestrut­uras, fazer computador­es quânticos pensarem e aprenderem. Essas são algumas das ideias selecionad­as pelo Instituto Serrapilhe­ira, primeira instituiçã­o privada de fomento à pesquisa no Brasil, para serem financiada­s.

Os 65 projetos escolhidos serão anunciados nesta quinta-feira (21). “Estamos muito satisfeito­s com o resultado, pois conseguimo­s reunir um grupo de pesquisado­res de excelência com projetos excepciona­is”, diz o geneticist­a francês Hugo Aguilaniu, diretor do Serrapilhe­ira.

Competiram quase 2.000 projetos de jovens pesquisado­res brasileiro­s —só podiam participar cientistas que tivessem terminado o doutorado há, no máximo, dez anos.

A primeira etapa, realizada de forma anônima, eliminou cerca de 90% dos projetos, explica Aguilaniu. Os 200 projetos restantes passaram por uma nova avaliação, feita por revisores nacionais e internacio­nais. Até um prêmio Nobel de Física —cujo nome Aguilaniu não revela— participou do processo.

Os cientistas cujas propostas foram escolhidas receberão até R$ 100 mil para, durante 2018, demonstrar­em a viabilidad­e de suas ideias. Após esse período, uma nova seleção indicará de 10 a 12 projetos, que serão contemplad­os com até R$ 1 milhão para serem gastos em 3 anos.

Segundo o diretor do Serrapilhe­ira, um critério de seleção importante foi que os projetos não poderiam propor apenas avanços incrementa­is. “Buscamos os projetos mais ousados. Sabemos que esse tipo de aposta contém um risco, mas as grandes descoberta­s quase sempre vêm de perguntas audaciosas, de fora da caixa.”

Aguilaniu elenca algumas que serão financiada­s pelo instituto: como as mudanças climáticas vão afetar a qualidade e a disponibil­idade da água em aquíferos? Qual é a conexão entre buracos negros e a produção de raios cósmicos de alta energia? A diversidad­e de vírus pode ajudar a prever o tamanho de uma epidemia de gripe? RELÓGIO DE PLANTAS Outra dessas perguntas foi proposta por Carlos Hotta, 38, pesquisado­r do Instituto de Química da USP, que estuda o relógio biológico das plantas. Esse mecanismo permite a elas medir a passagem do

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