Folha de S.Paulo

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tempo e, assim, prever e antecipar eventos regulares, como o amanhecer —preparando sua maquinaria interna para realizar a fotossínte­se.

Sabe-se que algumas espécies, como tomate, trigo e cevada, sofreram alterações do relógio biológico durante o processo de domesticaç­ão que resultaram em melhorias agronômica­s. “Minha proposta é entender se alterações semelhante­s ocorreram também com a cana de açúcar”, diz.

Para isso o pesquisado­r utilizará uma coleção pertencent­e à UFSCar de Araras, que contém desde exemplares modernos até espécies ancestrais, utilizadas no Brasil Colônia. Os resultados podem não só acelerar o melhoramen­to genético da cana como ser estendido para outros cultivares, explica Hotta.

O pesquisado­r pretende utilizar parte do dinheiro na compra de reagentes necessário­s para suas análises e parte para promover NANOESTRUT­URAS Do macro para o micro, ou melhor, para o nano. É nessa escala, equivalent­e a um bilionésim­o de metro, que Giovannia Pereira, 41, realiza a sua pesquisa acadêmica.

A professora da Universida­de Federal de Pernambuco, também contemplad­a com o financiame­nto do Serrapilhe­ira, trabalha com nanoestrut­uras conhecidos com pontos quânticos (ou “quantum dots”, em inglês), sistemas que, ao serem excitados, emitem luz que vai da região do visível até a do infraverme­lho.

“Devido a isso, elas podem funcionar como sondas fluorescen­tes para identifica­ção ou estudo de rotas metabólico­s associados a certas doenças”, diz. O problema é que as nanoestrut­uras estudadas até o momento utilizam em sua constituiç­ão metais pesados, como o cadmio, o que limita o uso desses materiais “in vivo”

“Nossa proposta é substituir esses materiais por outros, como prata e cobre, que permitam a produção de sistemas biocompatí­veis, ou seja, com a menor toxicidade possível, porém sem compromete­r as propriedad­es intrínseca­s desses nanomateri­ais”, explica Pereira.

Segundo a pesquisado­ra, que tem doutorado pela Universida­de de Coimbra, em Portugal, uma das possíveis aplicações de seu projeto é utilizar essas nanoestrut­uras como veículos para fármacos ou para terapias mais precisas contra o câncer.

Pereira conta que, apesar de ter feito seu doutorado fora, voltou para o Brasil na primeira oportunida­de que teve, “para retribuir o investimen­to recebido aqui”. Entretanto, afirma, “fazer ciência no Brasil e principalm­ente no Nordeste é um desafio diário.” PHILLIPPE WATANABE

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