Belluzzo e Nobre retornam à cena política do Palmeiras
Rompimento entre Leila Pereira e Mustafá Contursi, antigos aliados, movimenta bastidores do clube alviverde
O Palmeiras entra no último ano de mandato do presidente Maurício Galiotte com um efervescente cenário político. A guerra declarada por Leila Pereira, conselheira do Palmeiras e dona da Crefisa, principal patrocinadora do clube, a Mustafá Contursi, expresidente e seu antigo aliado, levou ao retorno de outros ex-mandatários aos bastidores da agremiação.
São os casos do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras entre 2009 e 2010, e do empresário Paulo Nobre, que ficou no comando de 2015 a 2016.
A briga entre Leila e Mustafá começou após denúncia de venda ilegal de ingressos. Entradas que foram dadas pela Crefisa ao ex-presidente teriam sido comercializadas, o que configuraria cambismo. Mustafá deverá depor sobre o caso nesta quinta (21) na 5ª Delegacia de Polícia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva.
Belluzzo, adversário histórico de Mustafá, se aproximou de Leila após o rompimento entre os dois.
A aproximação rendeu a promessa de que o ex-presidente voltaria a frequentar o Conselho Deliberativo para apoiar a empresária.
Ele tem cadeira vitalícia no órgão, mas não frequentava as reuniões desde que deixou a presidência do clube, no fim de 2010. Também contribuiu para sua ausência a suspensão de 12 meses imposta por ter as contas do seu último ano de gestão reprovadas —a punição terminou em maio.
“O clube sempre é mais importante que as pessoas que ocuparam a presidência. O problema é que às vezes as pessoas não se conformam, e, como não têm vida própria, tentam se agarrar ao clube como uma craca de navio, que se agarra no casco e não sai mais”, disse Belluzzo em alusão ao seu rival, Mustafá.
Belluzzo, Leila Pereira e José Roberto Lamacchia jantaram em um restaurante no bairro do Jardim Paulista para selar a nova amizade.
“Ele é uma pessoa muito importante na história do Palmeiras. Foi um prazer estar com ele e saber de toda a relação dele com o clube”, afirmou Leila sobre o encontro.
No outro extremo da política palmeirense, o ex-presidente Paulo Nobre ensaia o seu retorno. O objetivo do empresário é criar um polo de oposição a Leila —no final do mandato de Nobre, os dois tinham relação conturbada.
No começo de dezembro, o ex-dirigente esteve no restaurante Rancho Português , em São Paulo, se reunindo com potenciais aliados, entre dirigentes e conselheiros.
Há três meses seria impossível dizer que Nobre voltaria a se candidatar à presidência do clube. Hoje, essa hipótese já é considerada provável.
Em seu retorno, Nobre poderá contar com apoio de Mustafá, que tem um grande capital político no Palmeiras.
Nobre cortou relações com Galiotte, indicado para ser seu sucessor, logo após o novo presidente assumir. Ele queria ter ficado com o comando do departamento de futebol, o que lhe foi negado. (DIEGO GARCIA E EDUARDO GERAQUE)