Icapuí esconde praias desertas e falésias
Em trecho pouco conhecido do litoral nordestino, Ponta Grossa e Redonda têm dunas e vegetação de restinga
Município, que fica próximo da divisa com o Rio Grande do Norte, também é considerado a terra da lagosta
Existe um trecho do litoral leste do Ceará, quase na divisa com o Rio Grande do Norte, ainda pouco conhecido, até mesmo pelo turismo “day use”, aquele que explora a vizinhança da capital, Fortaleza, em viagens bate e volta.
Esse território, porém, é maior do que toda a faixa litorânea do Piauí, com 60 km de extensão, e guarda duas praias praticamente intocadas que merecem bem mais que uma rápida visita: Ponta Grossa e Redonda.
As duas estão localizadas em Icapuí (“canoa veloz”, em tupi), município com uma população estimada em 18 mil habitantes, a cerca de 200 km de Fortaleza. O lugar integra o Roteiro das Falésias.
A melhor forma de explorar a região é alugar um carro —a versão 1.0 dá conta do recado. Da capital, o motorista deve seguir pelas estradas CE-040/BR-304 e CE-261, trajeto percorrido em ao menos três horas de viagem. Ao chegar à cidade, basta seguir as placas de orientação: à esquerda, seguimos rumo à praia de Ponta Grossa; à direita, à da Redonda.
Em Ponta Grossa, logo ao estacionar o carro, o perfil dos moradores da comunidade chama a atenção: gente de pele clara, queimada de sol, olhos verdes e cabelos lisos. A maioria dos nativos é descendente de holandeses, europeus que ali chegaram no início do século 17.
Hoje, parte dos nativos de Ponta Grossa instalou, na beira da praia, barracas com pédireito de cinco metros de altura, o que torna esses ambientes sempre frescos, graças à circulação constante do ar.
É o caso da Macura: em plena temporada de férias, dá para saborear uma cauda assada de lagosta (Icapuí é considerada a terra do crustáceo), com alho e óleo, mais legumes e arroz com brócolis. Serve dois e sai por R$ 75.
Há, contudo, outros encantos, principalmente os avistados à beira-mar: as praias restaurantes e pousadas.
Situada em área de mangue, a praia da Requenguela, na região mais central da cidade, surpreende pelo recuo da maré, que chega a alcançar mais de dois quilômetros. É ali onde ocorre o encontro de mar com rio, formando a área da Barra Grande, ponto de encalhe das embarcações lagosteiras para reparo.
A Requenguela oferece uma das experiências mais encantadoras do extremo leste do litoral cearense: a de caminhar pelas passarelas da Estação Ecológica de Mangue Pequeno, onde é possível acompanhar o avanço do mar ao mesmo tempo em que se contempla a fauna e a flora típicas do manguezal. Ninguém gasta um tostão para assistir a esses espetáculos.